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O Dinossauro - Ordem Livre

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descrever como expressão econômica da monarquia absoluta e da autoridade<br />

patrimonialista: o Mercantilismo. No fundo, como aponta Antônio Paim, é ainda o espírito<br />

do marquês de Pombal que aqui impera.<br />

Hannah Arendt só superficialmente se refere ao aparecimento do mercantilismo<br />

(em The Origins of Totalitarianism) como tentativa do Estado monárquico em decadência<br />

de obter o monopólio compacto sobre o comércio e a indústria das nações. Mas o desastre<br />

que disso resultou foi provocado pela resistência concertada da burguesia mercante em<br />

ascensão (o que chamaríamos a classe média urbana) que deslanchou a revolução liberal, na<br />

Inglaterra e, a partir do século XIX, no resto da Europa ocidental — com o trauma da<br />

Revolução francesa e Napoleão no meio. Quando, em 1776, o ano da Independência<br />

americana, publicou Adam Smith sua obra momentosa — o Inquérito concernente à<br />

natureza e às causas da riqueza das Nações — o Mercantilismo ainda dominava, na teoria<br />

e na prática, a economia das principais nações europeias. A Inglaterra era a primeira a<br />

iniciar o processo de industrialização. Sinais muito tênues então apenas emergiam da<br />

revolução tecnológica que ia transformar o planeta.<br />

Em sua Formação econômica do Brasil, acentua Celso Furtado estar implícito na<br />

teoria mercantilista, tal como se desenvolveu no Brasil, que, "se um país importava mais do<br />

que exportava — criando-se um desequilíbrio em sua balança de pagamentos, esse país se<br />

veria obrigado a exportar ouro, reduzindo-se consequentemente o seu meio circulante. Essa<br />

redução, de acordo com a teoria quantitativa, deveria acarretar uma baixa de preços —<br />

contrapartida da alta do preço do ouro — criando-se automaticamente um estímulo às<br />

exportações e um desequilíbrio nas importações, o que traria consigo a correção do<br />

desequilíbrio". Os empréstimos externos ajudariam, nesse mecanismo automático, a<br />

restaurar, em tempo de crise, a harmonia preestabelecida do comércio internacional.<br />

O Mercantilismo foi definido por Jacob Viner (em "The Intellectual History of<br />

Laissez-Faire", Journal of Law & Economics, out. 1960) como "o corpo de doutrinas que<br />

expunha e, na prática, empregava meios pelos quais o governo podia forçar o interesse<br />

privado, submetido a taxas, impostos de exportação e importação, proibições várias,<br />

subsídios e outras medidas coercitivas e regulatórias, a se exercer no sentido de aumentar a<br />

riqueza nacional e o poder nacional". Não parecerá essa uma definição que se adapta às mil<br />

maravilhas ao desenvolvimento brasileiro, especialmente sob a forma obsessiva de aumento<br />

do poder nacional que tomou durante o regime de autoridade tecnocrático-militar?<br />

Tecnicamente, não estavam os mercantilistas interessados em economia, mas em poder<br />

nacional. Poder nacional! O sistema era militarizado no sentido que os déspotas<br />

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