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O Dinossauro - Ordem Livre

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presidência anticlerical de Plutarco Elias Calles († 1945). Hoje, é o Estado "o capitalista<br />

mais poderoso do país, ainda que não seja, como todos sabemos, nem o mais eficiente, nem<br />

o mais honrado". Paz considera que as duas burocracias que dirigem o México, a<br />

administrativa e tecnocrática, formando o pessoal governamental, e a que é constituída<br />

pelos profissionais da política encastelados no Partido, são a mente e o braço da<br />

modernização. Essas duas burocracias vivem em contínua osmose e passam,<br />

incessantemente, do partido ao governo, e vice-versa. O Estado é sustentado por uma<br />

trindade secular: o capital, o trabalho e o partido. Mas não é totalitário. É um Estado<br />

patrimonialista que pertence a uma dupla burocracia. Além disso, existe uma nova classe<br />

emergente, oriunda da pequena burguesia empresarial e formada por estudantes e<br />

intelectuais. Estes desempenham hoje o papel que cabia outrora aos frades e clérigos —<br />

com a diferença que o lugar antes ocupado pela teologia e a religião o é agora pela<br />

ideologia. Em nosso século, acentua Paz, a ideologia não é só uma lente de aumento, é<br />

também um cristal deformante que produz toda espécie de aberrações — não cromáticas,<br />

mas morais.<br />

A racionalidade do Estado, afirma Paz, "não é a utilidade, nem o lucro, nem a<br />

poupança, é o poder: sua conquista, sua conservação, sua extensão. O arquétipo do poder<br />

não está na economia mas na guerra; não na relação polêmica capital x trabalho, mas na<br />

relação hierárquica chefes x soldados. Donde o fato de que o modelo das burocracias<br />

políticas e religiosas seja a milícia: a Companhia de Jesus e o Partido Comunista.... A<br />

burocracia do PRI, continua o notável escritor, "está a meio caminho entre o partido político<br />

tradicional e as burocracias que militam debaixo de uma ortodoxia e que operam como<br />

milícias de Deus ou da História". O regime nascido da revolução — que se iniciou com a<br />

derrubada de Porfírio Diaz — "viveu muitos anos sem que ninguém pusesse em dúvida sua<br />

legitimidade. Os sucessos de 1968, que culminaram com a matança de várias centenas de<br />

estudantes, quebraram gravemente essa legitimidade, gasta além disso com meio século de<br />

domínio ininterrupto". O resultado, observa Paz, foi a corrupção. O processo de corrupção<br />

econômica e ideológica alcançou seu apogeu nas duas últimas presidências, a de Echevarria<br />

e a de Lopez Portillo. Do senador Jorge Diaz Serrano, íntimo de Lopez Portillo, se diz que<br />

defraudou a Pemex em 34 milhões de dólares — pelo que foi formalmente acusado. Nada<br />

por enquanto aconteceu ao ministro do Patrimônio, Jose Andres de Oteyza, superior<br />

hierárquico de Diaz Serrano quando era este presidente da Pemex. Nem tampouco ao<br />

economista marxista Carlos Tello, sobre o qual pairam dúvidas quanto ao destino de cem<br />

milhões de dólares do Banco do México, no período em que o dirigiu. Diga-se em louvor da<br />

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