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O Dinossauro - Ordem Livre

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se sua intenção fosse recriar a república teocrática dos guaranis. O milenarismo dos<br />

deserdados constitui a velha promessa compensatória para aqueles maniqueístas que são<br />

incapazes de arrostar os desafios de um mundo tecnológico que se transforma e deixa para<br />

trás os inadaptados, os ignorantes, os preguiçosos, os seguidores passivos de lideranças<br />

carismáticas, os que perderam o bonde do Moderno.<br />

Vejam: os "progressistas" admiram a União Soviética e o socialismo, quando são<br />

os Estados Unidos a nação que carrega o futuro. A URSS é o último abencerrage do<br />

absolutismo monárquico, do imperialismo territorial, do nacionalismo vieux jeu que aspira à<br />

autarquia econômica e à hegemonia política. O socialismo é a receita da estagnação, a<br />

última expressão da "religião civil" como nostálgica memória de uma organização coletiva,<br />

fortemente comunitária, onde não devam reinar os imperativos darwinianos evolucionistas<br />

de concorrência e luta pela vida. Longe de ser a filosofia insuperável pretendida por Sartre,<br />

é o marxismo a mais obsoleta versão do romantismo antieconômico, antimonetário, antiindustrial<br />

do século XIX. Nesse sentido, talvez tenham razão os teólogos marxistas quando<br />

acreditam, como anunciava Nietzsche, que o socialismo seja a versão secularizada de um<br />

Cristianismo supostamente em decomposição. Estará Marx mais perto de Pio IX, Pio X e<br />

Paulo VI do que podemos imaginar? De qualquer forma, o totalitarismo nacional-socialista<br />

empaca na alternativa de uma cristalização e arcaização definitiva do indivíduo num tipo de<br />

sociedade fechada, uma sociedade de massas coletivizada, como uma formigueira ou uma<br />

termiteira. Mas será isso o que nos anuncia o futuro?<br />

Na vida internacional, de fato, continuará presumivelmente, por longo tempo, a<br />

coexistência mais ou menos pacífica entre o Ocidente democrático, livre, pluralista e aberto,<br />

e o sistema soviético fechado, opressor, militarizado e esclerosado. Entretanto, todos os<br />

povos, mesmo aqueles que mais detestam a América, se americanizam. Aron está certo<br />

quando postula: "a paz impossível, a guerra improvável". Os dois mundos irão talvez<br />

conviver, como o império romano conviveu durante século com Parthas e Sassanidas, sem<br />

solução do dissídio. Certo: os terceiro-mundistas torcem pela vitória do nacional-socialismo<br />

marxista mas apostam errado e é isso, precisamente, o que compromete a mitologia que<br />

preside à política externa brasileira. Mais cedo ou mais tarde, os que sentam em cima do<br />

muro pagarão caro a sua miopia ou a sua covardia. O mundo moderno não comporta a<br />

postura da avestruz.<br />

Mas se o totalitarismo reacionário constitui um desafio ao Ocidente, um desafio<br />

que indubitavelmente exigirá um esforço de imaginação para superar as nossas deficiências<br />

e injustiças — do outro lado da Cortina o confronto apenas confirmará os comunistas nas<br />

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