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O Dinossauro - Ordem Livre

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esclarecidos da época eram frequentemente grandes chefes de guerra (Pedro o Grande,<br />

Frederico II) ou então primeiros ministros (Richelieu, Colbert, Pombal, Aranda, Struensee,<br />

Potemkin) também empenhados em promover a riqueza e glória das monarquias que<br />

serviam. Basicamente, a economia do século XVIII era uma economia política. Ela não<br />

tinha como objetivo prioritário os interesses do povo, mas os interesses do Estado, o que<br />

quer dizer, os interesses patrimoniais da dinastia reinante. Ela visava, como salienta Irving<br />

Kristol (em Reflections of a Neo-Conservative, N.Y., 1983), assegurar um saldo permanente<br />

na balança comercial para os fins de domínio militar ou simplesmente, como no caso da<br />

Rússia de Pedro o Grande e Catarina, da Prússia de Frederico II e da Espanha de Carlos III,<br />

de modernização e colonização. No caso do Portugal de Pombal e José I, tratava-se de<br />

tentar modernizar o velho país, detendo-lhe a decadência evidente. "O Mercantilismo",<br />

acentua Kristol, "não pretendia o aumento da riqueza permanente do povo — aquilo que é o<br />

propósito da economia capitalista — mas antes aumentar a riqueza temporária do Estado, a<br />

riqueza que podia ser traduzida em poder internacional." Insistamos nesse ponto: na teoria<br />

do mercantilismo estava expresso o reconhecimento de que a riqueza econômica constitui<br />

um instrumento da política de segurança e expansão do poder nacional.<br />

A xenofobia era uma característica essencial do sistema. Procurava-se o<br />

monopólio de Estado para a obtenção dos recursos naturais. Entidades como a Petrobrás e a<br />

Cia. Vale do Rio Doce só podem ser entendidas como produtos de uma mentalidade<br />

mercantilista. Outra característica era a de o Estado obter mais poder pelo aumento da<br />

população. Todos os déspotas esclarecidos conduziram uma política natalista. Uma<br />

população maior implicava a colonização de novos territórios, um mercado mais vasto, uma<br />

fonte de trabalho barato e um reservatório para recrutamento de soldados. Recursos<br />

econômicos meramente metálicos, recursos humanos em quantidade barata, tropas de<br />

infantaria abundantes — eis o que constituiu a racionalidade do sistema do século XVIII.<br />

Malthus apareceu para contestar essa visão demográfica expansionista. A correspondência<br />

com o que se passa hoje em nosso país me parece grandemente pertinente, assim como a<br />

explicação do porquê da antipatia em que é tido Malthus pelos ideólogos da esquerda<br />

nacional-socialista.<br />

Em França foi Napoleão o último e o maior dos déspotas esclarecidos. O conceito<br />

mercantilista, que hoje nos parece irracional, foi o da economia napoleônica, como é<br />

ilustrado pelo recurso ao "bloqueio continental" da Grã-Bretanha, uma medida comercial<br />

visando obter resultados políticos. A URSS em nossos dias também concebe a economia<br />

como um instrumento a serviço da máquina de guerra, para alcançar objetivos imperiais em<br />

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