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O Dinossauro - Ordem Livre

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hoje se colocam entre os mais ricos, desenvolvidos e bem governados do mundo. Isso,<br />

quaisquer que sejam as peripécias históricas mais recentes, de contestação antipuritana,<br />

tendentes a confundir este quadro simplificado.<br />

A história da Europa nos séculos XVIII e XIX demonstra que as nações nórdicas<br />

tomaram facilmente a dianteira em seu desenvolvimento material e cultural. A Inglaterra<br />

inaugura a revolução industrial em plena luta contra o imperialismo napoleônico. Os<br />

Estados Unidos, que se expandem rapidamente para o oeste, superam a crise provocada pela<br />

Guerra de Secessão e avançam com tal presteza que, no limiar da Primeira Guerra Mundial,<br />

há setenta anos, já constituem a mais importante economia industrial do mundo. A França,<br />

que não é só um país latino mas, em sua formação psicossocial, encerra muitos elementos<br />

germânicos, cresce mais lentamente, não obstante as crises políticas sucessivas, reveladoras<br />

de um profundo mal-estar no embate entre o Racionalismo e o Romantismo sob o poder<br />

crescente do Estado. Prospera a Alemanha através de uma Revolução pelo Alto que impõe<br />

o prussianismo a toda a nação. Do mesmo modo, pequenos países protestantes como a<br />

Suíça, os Países Baixos e as monarquias escandinavas contribuem para o desabrochar da<br />

civilização industrial-científica. Fora da Europa, países de língua inglesa como o Canadá e a<br />

Austrália, embora de colonização tardia, também tomam economicamente a dianteira,<br />

salientando o contraste com o Brasil mais nitidamente ainda do que o que nos separa dos<br />

EUA.<br />

Nessa mesma época, no entanto, a Itália e sobretudo a Ibéria, mergulhadas na<br />

miserável decadência que se seguiu ao Renascimento e à Contra-Reforma, procuram a<br />

muito custo sair da estagnação. Na América Latina, são a Argentina e o Chile que, em<br />

princípios deste século, revelam condições relativas de progresso de que, aliás, não se<br />

deixam de vangloriar. O caso da Argentina é interessante quando posto em confronto com o<br />

da Austrália. A Argentina possui território, população, disponibilidade de recursos naturais,<br />

homogeneidade racial e nível cultural que a coloca no mesmo patamar da Austrália. Ao<br />

contrário da Austrália, contudo, tem sido mal governada, na realidade tão mal governada<br />

que, de país plenamente desenvolvido no princípio do século, decaiu para o<br />

subdesenvolvimento na atualidade. O atraso "latino" é geral. É necessário esperar o fim da<br />

segunda guerra mundial para que ocorra o mirácolo italiano; para que a Espanha entre em<br />

processo de modernização e para que, em todo o continente sul-americano, se notem enfim<br />

os sinais alvissareiros de uma possível transformação. De um modo geral, a defasagem<br />

entre nosso progresso e o daquelas áreas nórdicas pode ser em parte explicado, senão<br />

weberianamente pela ausência de uma educação calvinista ou, historicamente, pela nossa<br />

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