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O Dinossauro - Ordem Livre

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subsequentes do Tzarismo. Este adquiriu a sua característica mais marcante com a<br />

imposição final do comunismo. Pois o que é hoje, realmente, a URSS senão o<br />

Patrimonialismo da Nomenklatura? Pipes acentua ainda que a instituição da propriedade<br />

privada nunca encontrou fundamento seguro na Rússia medieval e mesmo na moderna.<br />

Consequentemente, jamais ocorreu uma distinção clara na posição do autocrata, ao mesmo<br />

tempo proprietário, soberano e pontífice máximo de seus súditos. A monarquia absoluta<br />

russa emergiu diretamente de um sistema de domínio senhorial para a exploração<br />

econômica, operando largamente na base do trabalho escravo. Esse traço torna-se<br />

supinamente evidente no estranho sistema de governo concebido pelo tzar Ivan IV, Grozny<br />

(Ivan o Terrível, † 1584). Assim, ao contrário da evolução que distingue a Europa<br />

ocidental, na qual os monarcas, mesmo os mais poderosos, sempre tiveram que respeitar os<br />

direitos de propriedade de seus vassalos e súditos, o grão-príncipe moscovita evoluiu de<br />

uma função de coletor de impostos e tributos do Kanato tártaro, para uma função de dono<br />

de todas as terras russas. Na instituição da chamada oprichnina, o sistema patrimonialista é<br />

curioso: o território russo ficou dividido em duas partes, uma de propriedade privada do<br />

Tzar (oprichnina), guarnecida por um exército, também privado, de subordinados diretos,<br />

os oprichniki, espécie de guarda pretoriana de 6.000 soldados e funcionários; e o resto do<br />

país, tremendo de terror diante do horrendo despotismo do autocrata enlouquecido. A<br />

divisão da população em duas classes, uma dominante, de servidores do Estado, e outra<br />

submissa e aterrorizada, antecipa o que hoje acontece com a separação entre os membros do<br />

PCUS, os que formam a Nomenklatura, e o resto da população proletária. Isso nos confirma<br />

na definição do socialismo real: a concentração do poder econômico e do poder político nas<br />

mesmas mãos. Se tal é o socialismo, deduziríamos que nada mais representa do que uma<br />

forma tecnológica moderna do Patrimonialismo clássico...<br />

Muitos observadores se têm, ultimamente, debruçado com curiosidade sobre o<br />

modelo que o México nos oferece. Há uns dez anos, quando a ARENA dominava nosso<br />

cenário político, se dizia que o Brasil marchava no caminho do partido único, do tipo PRI, o<br />

Partido Revolucionário Institucional mexicano. Admirava-se a estabilidade política que<br />

essa organização assegurava, o prodígio da autoridade que detém a oligarquia mexicana, e a<br />

ordem imposta sem grandes protestos, nem transtornos. A permanência do partido único,<br />

prevenindo as crises sucessórias, parecia constituir uma garantia essencial de<br />

desenvolvimento. Invejava-se também o boom industrial mexicano e sua política externa<br />

astuciosa, assim como, merecidamente, se fica extasiado ante a forte individualidade<br />

cultural do México, quando posta em confronto com a gigantesca presença do vizinho ao<br />

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