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O Dinossauro - Ordem Livre

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imediatamente sensíveis. É na controvérsia entre os Racionalistas — com tendência para o<br />

chamado "Despotismo Esclarecido" — e os Românticos, com pendor para a libertinagem<br />

terrorística, que foi preparado o terreno para o Modernismo totalitário. Nela encontramos a<br />

fonte original do curso lamentável de acontecimentos que conduziram aos desastres do<br />

século XX.<br />

O pensamento político de Platão e de seus discípulos, o dos Estoicos romanos, dos<br />

Santos Padres cristãos, de Sto. Agostinho e dos Escolásticos preocupou-se com princípios<br />

abstratos tais como a Lei, a ideia de Justiça, o ideal de Liberdade, o conceito de autoridade<br />

e o dualismo de lealdades. O que, em última análise, se reduz à procura de uma definição<br />

exata das relações mais perfeitas entre as duas cidades: a Cidade de Deus em nós; e a cidade<br />

exterior, a cidade concreta no mundo social objetivo. Desde a Renascença, porém, o aspecto<br />

psicologicamente subjetivo da política — a politeia da Cidade da Alma — é<br />

progressivamente posto de lado e toda a atenção se focaliza sobre os aspectos objetivos. A<br />

concepção do Estado Legal era necessária para garantir a segurança e a ordem da Cidade, e<br />

por conseguinte uma soma suficiente de poder deveria ser concedida à personificação da<br />

autoridade máxima, o rei, líder ou imperador, de modo que sua ação para o Bem-Comum se<br />

tornasse tão eficiente quanto possível. Mas a Lei também deveria assegurar a Liberdade e o<br />

Bem-Estar dos cidadãos. O problema em discussão consistiria em encontrar um equilíbrio<br />

ideal entre duas tendências opostas: o Eros dos afetos e das paixões entre indivíduos que<br />

desejam agir livremente; e a força disciplinadora do Logos que contempla uma ordem<br />

racional, imposta pelo Estado e protetora da segurança de todos. Além disso, grandes<br />

debates foram ouvidos em torno da questão de se saber se o Logos imanente, como a Razão<br />

da ordem legal positiva (e a Razão de Estado), se deveria encarnar em uma única pessoa —<br />

rei, imperador ou sumo pontífice — ou se deveria, eventualmente, ser "descentralizada" e<br />

abstraída num regime democrático de "poliarquia", entre todas as classes de cidadãos,<br />

tomados individualmente.<br />

O problema da representação no Estado Legal e a escolha do "melhor sistema de<br />

governo" constituíram a substância dos arrazoados que atroaram durante os grandes séculos<br />

da cultura europeia e ainda hoje não terminaram, tecendo o manto elaborado de nossa<br />

vivência política. No decorrer de tal debate, porém, tornou-se cada vez mais claro que,<br />

quanto mais a filosofia, em sua análise dos fundamentos da vida política, dirigia a sua<br />

atenção para a periferia objetiva da Cidade, tanto mais assim forçava a dissociação entre<br />

"esquerda" e "direita" dos componentes, erótico e lógico, de sua estrutura arquetípica. Esses<br />

componentes, precisamente como resultado da dissociação, principiaram a concentrar<br />

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