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O Dinossauro - Ordem Livre

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décadas o IBC, que dispunha de 4.600 funcionários, tem sido periodicamente acusado de<br />

deslizes mais ou menos graves, em prejuízo para a economia nacional, num setor chave da<br />

produção — um setor que era outrora a principal fonte de divisas do país. Mas o IBC<br />

conseguiu o prodígio de assegurar à Colômbia, em 1985, o primeiro lugar na exportação de<br />

café, perdendo assim o Brasil uma posição que detinha há mais de cem anos: é a Lei de<br />

Parkinson — quanto mais funcionários, maior corrupção e menor eficiência... Lembro-me<br />

que, por volta do ano 1953/54, uma alta repentina do café nos EUA teria sido aproveitada<br />

por pessoas intimamente ligadas ao então ministro da Fazenda, Oswaldo Aranha, para a<br />

realização de lucros de milhões de dólares. A existência de um tal órgão, numa atividade<br />

que deveria depender exclusivamente dos produtores privados de café, é uma das mais<br />

inomináveis aberrações da administração brasileira. A redução do funcionalismo de 4.600<br />

para 400 revela a magnitude do escândalo.<br />

Evidentemente, há sempre um esforço de governantes, uma pequena minoria de<br />

governantes, com o intuito de enfrentar o apetite pantagruélico do <strong>Dinossauro</strong>. O esforço se<br />

dirige no sentido de coibir o crescimento do número de repartições e funcionários. Mas em<br />

vão! Assim, por exemplo, o INCRA dispõe de 10.600 funcionários mas nenhum deles<br />

percebeu o erro quando o governo desapropriou a cidade de Londrina para efeitos de<br />

reforma agrária: o então ministro da Reforma Agrária era apoiado pela CNBB e pelo<br />

arcebispo de São Paulo... Na COBAL há 8.000 funcionários, pelo menos o dobro ou o triplo<br />

do que se necessita. Noenio Spínola chama a COBAL de Frankenstein (Jornal do Brasil, 6-<br />

3-86). Nove secretárias servem ao presidente da empresa.. A organização, criada para servir<br />

à gente pobre da periferia das grandes aglomerações urbanas, deslocou-se para os centros,<br />

concorrendo com os supermercados. Escreve Noenio Spínola, conhecido jornalista<br />

especializado em temas econômicos: "Mares de hipocrisia, rios de aplausos ao Governo e<br />

toneladas de humor ingênuo ainda correrão na vida nacional até que o brasileiro desperte<br />

para o convívio com os monstrinhos que uma herança estatizante criou, e que aposta no<br />

apetite por cargos e privilégios dos políticos da velha e da nova guarda. Somos todos<br />

humanos. Bem examinados, no fundo da consciência e dos desejos de cada um talvez exista<br />

também o sonho remoto de, quem sabe, um dia, pendurar-se em um emprego público. Pode<br />

ser tão confortável..."<br />

O Brasil é, em suma, o país que gerou uma das burocracias mais caras, mais<br />

pesadas e mais preguiçosas que existem sobre a superfície do planeta. Enfim, ninguém<br />

segura este país! Segundo o venerável professor Eugênio Gudin, que por sua experiência e<br />

inteligência se tornou um dos homens mais sábios do país, as despesas de consumo do<br />

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