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O Dinossauro - Ordem Livre

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VERSALHES COM O REI-SOL. O ABSOLUTISMO<br />

No maravilhoso cenário de Versalhes*, a Corte tornou-se o centro da vida<br />

francesa. Uma peça teatral no estilo de uma ópera de Lulli em que o Rei-Sol desempenhava<br />

o papel de estrela principal. Um sistema planetário regido por estritas leis newtonianas. O<br />

Rei não se satisfazia com suas vitórias militares, ganhas no princípio do Reinado; e menos<br />

ainda com as conquistas de uma administração eficiente que grandemente contribuiu para o<br />

rápido crescimento da fortuna da França. À sua glória desejava acrescer ao cercar-se de<br />

homens a quem as Musas haviam amado. A França era sua plateia e patrimônio. Afinal de<br />

contas, era Apoio, o Rei-Sol, o centro do Universo. Sua generosidade para com o talento<br />

estimulou o florescimento do gênio francês. Nunca, desde os tempos de Péricles e de<br />

Augusto, ou desde a Renascença italiana, um tamanho lustre fora testemunhado:<br />

La docte antiquité, dans toute sa durée,<br />

À l'égal de nos jours ne fut point éclairée...<br />

assim cantava Charles Perrault com justo orgulho. O prestígio da França na guerra, nas<br />

artes e na literatura ecoou por toda parte, num fulgor de tal ordem que permaneceu na<br />

vanguarda da civilização durante os duzentos anos seguintes, graças ao impulso alcançado.<br />

Na verdade, o sol do Rei brilhou, com uma tal claridade que a época se qualificou<br />

orgulhosamente de "o Século das Luzes". E os contemporâneos se declararam ofuscados!<br />

Enquanto viveu, Luís XIV transformou sua capital-palácio num palco brilhante<br />

onde deliberadamente fez-se de Cosmocrator, nomeado por Deus. A etiqueta complicada, o<br />

luxo extravagante, as cerimônias de caráter semirreligioso como o Grand Lever e o<br />

Coucher du Roi, qual alegorias da alvorada e do crepúsculo; as festas de ostentação em que<br />

participavam milhares de pessoas; as decorações e a indumentária ridiculamente opulenta; a<br />

arte da cortesia e da bajulação cortesã elevada à categoria de método maquiavélico de<br />

governo e se transformando na preocupação exclusiva da nobreza-da-corte — tudo isso<br />

* No capítulo "Versalhes" de meu livro Quando mudam as capitais, examinei mais pormenorizadamente o relacionamento entre<br />

o urbanismo e arte do' palácio versaIhesco com os fundamentos da Idade da Razão.<br />

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