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O Dinossauro - Ordem Livre

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do Romantismo quando escreveu: "Le vrai est trop simple, il fauty arriver toujours par le<br />

complique" (em carta a Armand Barbes). O complicado incluía a canibalização literária de<br />

seus amantes, cuja paixão era posteriormente por ela utilizada como tema de romance.<br />

A lista dos grandes poetas românticos é infindável. Schiller e Goethe na<br />

Alemanha, embora Goethe tenha ultrapassado o fervor inicial do Sturm und Drang para as<br />

alturas olímpicas de sua maturidade no II Fausto, Lamartine, Victor Hugo, Alfred de<br />

Musset, Alfred de Vigny, Chateaubriand, em França, uma plêiade que não desdenhava de se<br />

comprometer com a política. Produziu também dois formidáveis romancistas, Balzac e<br />

Stendhal. Na Inglaterra, temos Byron, Shelley, Coleridge, Keats, Wordsworth, nomes que<br />

mobilizam as letras inglesas, mas talvez sendo esse o motivo pelo qual a Grã-Bretanha, na<br />

época de sua maior expansão, foi quase preservada das incursões do Romantismo na<br />

política: os românticos permaneceram cuidadosamente confinados no recinto das letras e<br />

das artes. Alguns foram combater na Grécia: Byron, uma espécie de Che Guevara... No<br />

resto do mundo latino, os grandes poetas também invadiram a política, como foi o caso de<br />

Leopardi na Itália. Não nos esqueçamos de que vários de nossos Inconfidentes foram poetas<br />

e que o maior esforço da literatura brasileira, em meados do século XIX, se localizou no<br />

terreno da poesia heroica e lírica. Sobre a influência do Romantismo na política brasileira,<br />

nos referiremos mais adiante. É tema e argumento fundamentais.<br />

Na música triunfa o romantismo com Berlioz, Rossini, Verdi, Chopin, Liszt,<br />

Schumann, Schubert, Mendelsohn, Brahms, quantos outros, e o maior de todos, Beethoven<br />

— para terminar, já na transição para a música dita "moderna", no apogeu da sonoridade<br />

dramática polifônica da ópera de Wagner. Talvez a música se preste melhor que outras artes<br />

para a expressão das emoções, o que explicaria haja alcançada tais culminâncias num<br />

século que, por outro lado, foi freqüentemente feio e vulgar, e pobre em inspiração artística.<br />

O Mal Romântico implica o culto do amor, do sangue e da morte. É um pathos.<br />

Mas de origem principalmente germânica e latina, invadindo mesmo as áreas anglosaxônicas<br />

mais pragmáticas. O exagero emocional, um certo histerismo retórico que às<br />

vezes descamba para a psicose cíclica ou maníaco-depressiva comporta também o mito da<br />

Revolução e do terror. A obsessão antinômica. Vejam o que perorava Sukarno, o líder da<br />

merdeka, ou seja, da independência da Indonésia — um oriental que recebeu os ecos<br />

longínquos da mente ocidental: "Sou fascinado pela Revolução. Estou completamente<br />

absorvido pela ideia. Estou enlouquecido, obcecado pelo seu romantismo ... A Revolução<br />

surge, relampeja, troveja em quase todos os cantos da terra ... Venham, irmãos, venham<br />

soprar sobre as chamas do incêndio ... Sejamos lenha para alimentar a fogueira da<br />

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