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O Dinossauro - Ordem Livre

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confiança no presidente da República", diziam os onipresentes cartazes do DIP. Entre<br />

aqueles que depositaram a sua fé e confiança no chefe da Nação estava o primeiro<br />

presidente eleito da atual Nova República: Tancredo Neves foi ministro da Justiça do<br />

ditador.<br />

Em 1945, como reação à onda de esperanças democráticas esquerdizantes que<br />

percorreu a Europa, a Ásia e as Américas após o final da segunda guerra mundial, o ditador<br />

foi derrubado e instalou-se uma outra Nova República. O "queremismo" persistia porém.<br />

Com uma monotonia cíclica — desesperante no meu entender! — fez-se uma nova<br />

Constituição. O ditador foi reeleito pelo sufrágio universal direto e suicidou-se para não se<br />

afogar num mar de lama. As esperanças renovadas no meio a traumas, agitações, golpes,<br />

contragolpes e golpes preventivos levaram ao poder um novo líder carismático que se<br />

projetou sobre o futuro — desta vez concretamente, através de um programa de metas<br />

industriais e a construção de uma nova capital.<br />

O eterno retorno das coisas... A sujeira naturalmente acumulada nos estaleiros de<br />

50 anos de progresso em cinco trouxeram a vassoura do "Jânio vem aí". O sebastianismo<br />

dessa vez se personificou num Encoberto, adepto das renúncias em meio a eflúvios etílicos,<br />

emanados de forças ocultas. O protesto, a decepção, as esperanças frustradas determinaram<br />

o ímpeto de alguns pelegos mais agitados e incompetentes de salvarem a situação com<br />

"reformas de bases" — após novas experiências constitucionais que incluíram um ensaio<br />

parlamentarista.<br />

Plus ça change, plus c'est la même chose. Ou seja, continuará tudo, politicamente,<br />

como antes, no Quartel General de Abrantes... Um passo à frente de qualquer forma será<br />

dado, no lento caminhar de um povo jovem, borbulhando de energias mas ainda inculto e<br />

que, dentro de alguns anos, comemorará meio milênio de existência. Nas profundezas da<br />

alma coletiva essas peripécias ridículas, às vezes escandalosas, raramente dramáticas,<br />

sempre pouco edificantes, esse tortuoso ziguezague, contribuirão, de qualquer maneira, para<br />

a aprendizagem política da nacionalidade. São experiências pedagógicas. Um lento<br />

processo de racionalização do comportamento conforme concebera Max Weber. Uma<br />

Paideia que pouco a pouco nos irá inculcando sabedoria. O que caracteriza a puberdade,<br />

precisamente, é que o crescimento físico foi mais rápido do que o crescimento mental.<br />

E é assim que, na República velha, sempre renovada, a Esperança nunca morre!<br />

* * *<br />

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