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O Dinossauro - Ordem Livre

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em explica os motivos de seu sucesso. Conseguiu efetivamente dar forma legal a todas as<br />

profundas alterações que impôs à Inglaterra, na transição do feudalismo para a organização<br />

moderna. Nenhuma de suas esposas infiéis e nenhum de seus ministros foram parar no<br />

patíbulo sem o uso (sincero ou hipócrita, não importa) de todos os recursos legais. Nele<br />

encontramos o amor da eficiência e o entusiasmo renascentista pelo progresso e a "virtude"<br />

de poder, no meio das veleidades anárquicas que se faziam sentir sob a cobertura de<br />

convicções religiosas contraditórias. É interessante notar que Samuel Huntington atribuiu<br />

aos Tudor as instituições que até hoje governam a América do Norte. O fato é que, em<br />

pleno século XVI, Henrique VIII e sua filha Elizabeth foram os últimos autocratas<br />

carismáticos que governaram a Inglaterra. É com eles que se estabelece aquele perfeito<br />

equilíbrio hierárquico entre o rei, os lordes e os comuns o qual, com poucas interrupções e<br />

alterações (refiro-me ao período da Revolução Inglesa, de Carlos I a Cromwell) se manteve<br />

no arquipélago britânico. Tal regime tornou a Grã-Bretanha, na época de seu maior brilho, o<br />

país mais bem governado do mundo. Em sua obra Political Order in Changing Societies,<br />

alega Huntington que os Estados Unidos criaram instituições democráticas tão difíceis de<br />

compreender e tão impossíveis de imitar graças aos Tudor. Foi justamente o fenômeno tão<br />

essencial de rápida modernização da sociedade americana que impediu a modernização de<br />

suas instituições políticas, de modo que seriam hoje os Estados Unidos, segundo<br />

Huntington, "uma das mais antigas policies do mundo". Huntington aponta, em outras<br />

páginas, para o caráter francamente obsoleto das instituições americanas, presididas por<br />

mecanismos complicados, de natureza legal, com muito pouca flexibilidade. Com tais<br />

instituições arcaicas estabelecidas por um déspota esclarecido foram os americanos,<br />

entretanto, que inovaram e introduziram vários dos expedientes modernos de participação<br />

popular. Huntington dá-lhes mesmo o crédito — que creio imerecido — de haverem<br />

inventado os partidos em princípios do século XIX. Na verdade, os partidos já existiam no<br />

Parlamento inglês do século XVIII, com seus Whigs liberais e seus Tories conservadores.<br />

Na Suécia, enfrentavam-se os Chapéus, civis, partidários de uma política externa pacifista,<br />

e os Quépis, favoráveis a uma linha dura na diplomacia. E, na própria França, a Revolução<br />

introduziu os partidos dos Jacobinos, dos Montagnards e dos Girondinos. Mas de qualquer<br />

forma, foram os anglo-saxões os primeiros que transitaram do feudalismo para a<br />

democracia moderna.<br />

As reformas da Idade da Razão não constituíram, todavia, obra exclusiva dos reis.<br />

Se considerarmos a evolução política da França para o modernismo, verificamos que o<br />

lento processo teve início com Henrique IV e seu ministro Sully; depois com Luís XIII e<br />

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