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O Dinossauro - Ordem Livre

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que permanece o impasse. Quantas constituintes e constituições já tivemos?<br />

As perguntas que então se colocam diante de nós são as seguintes: como pode um<br />

povo afetivo e essencialmente intuitivo como é o brasileiro, ainda sujeito a formas<br />

miméticas artificiais de institucionalização, alçar-se à realização de seu próprio modelo,<br />

original e autêntico, de associação política? Como atingir àquele ideal de "organização<br />

nacional" em que pensava Alberto Torres e com que, depois dele, tantos outros sonharam?<br />

No mundo dos chamados "países em desenvolvimento" que se modernizam, afirma o<br />

professor americano Samuel Huntington que "controlará o futuro aquele que organiza a<br />

sua política" .*<br />

Como atendermos, então, a esse imperativo de organização, liberal e conservadora<br />

ao mesmo tempo, que requer profunda meditação sobre nosso destino, evitando que as<br />

soluções sejam sopradas pelo íncubo ideológico? Como impedir que as constituições<br />

periódicas sejam sempre simiescamente imitadas de modelos europeus ou norteamericanos;<br />

ou deixadas, taoisticamente, ao sabor das intempéries, segundo o formidável<br />

apotegma getuliano, "deixa como está, para ver como fica"? Finalmente, como transcender<br />

a própria Idade da Razão que nos impulsiona num sentido marcadamente materialista e<br />

incompatível com nossos mais profundos anseios? Como fazer opções que não sejam<br />

apenas as do crescimento do PIB e da renda per capita? Como evitar que nos embrenhemos<br />

mais ainda, em consequência do próprio colossal impulso desenvolvimentista, nas<br />

calamidades da explosão demográfica, da poluição ambiental e desbaratamento dos<br />

recursos naturais, da criminalidade urbana, das neuroses e da degradação moral? Como<br />

desviar a obsessão econômica que, subitamente, nos domina (reação extrema do Homo<br />

ludens, subitamente cansado de sua boêmia tradicional e empenhado, por capricho, vaidade<br />

ou espírito de aventura, a dar provas de "poder nacional"), para as preocupações superiores<br />

com a Justiça, com o que se chama a Qualidade da Vida, com o problema da conciliação<br />

entre Segurança e Liberdade, e com o ideal de Cultura? Finalmente, como combater o<br />

<strong>Dinossauro</strong> em benefício do indivíduo livre, em uma sociedade justa e bem ordenada?<br />

A debater algumas dessas questões e a sugerir possíveis respostas se dedicam os<br />

capítulos subsequentes deste livro.<br />

* "In the modernizing world he controls the future who organizes its politics." (Apud Political Order in Changing Societies.)<br />

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