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O Dinossauro - Ordem Livre

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vontade objetiva que se desenvolve e reforça a dos indivíduos, para que esta se possa<br />

realizar completamente; não é a sociedade politicamente organizada que, como um espelho<br />

mágico, transmite ao indivíduo, com sua imagem, um poder novo; são, antes de tudo, as<br />

forças vivas, as personalidades que agem e têm em suas mãos as alavancas do comando.<br />

Não são as instituições, não é a autoridade que se respeita, seja qual for o indivíduo em que<br />

ela se instalou; mas os personagens que detêm o poder ou se agitam no cenário político,<br />

envolvendo-se numa auréola de prestígio... Esse respeito e essa atração pelas<br />

individualidades sobranceiras não apresentam, no entanto, o caráter místico de devoção até<br />

o sacrifício que costumam impor, aos indivíduos atraídos pelo seu magnetismo, os grandes<br />

chefes e condutores de massas; desconfiado e irreverente, enamorado do acontecimento e<br />

da sensação, o brasileiro manifesta, nessa atitude, antes um interesse quase espetacular pela<br />

força atuante dos tipos representativos e um constante esforço para despojar das fisionomias<br />

reais, humanas, a que às vezes tenta prender-se, a máscara fascinadora de predestinados".<br />

Uma das dificuldades sensíveis da luta contra o <strong>Dinossauro</strong>, entre nós, e contra sua<br />

intervenção na economia é há muito conhecida. Tão fortemente entrincheirado na tradição e<br />

nos hábitos empresariais é o fato de que o próprio setor privado não se julga, muitas vezes,<br />

inclinado a enfrentar os árduos riscos do empreendimento, recorrendo ao Estado quando as<br />

coisas andam mal: "O governo deve fazer isso. O governo deve fazer aquilo"... O<br />

empresário a ele recorre também, como rotina e quando pode, para aumentar seus lucros a<br />

custa de empréstimos baratos dos bancos oficiais, obtidos por pistolão. Sem fazer esforço.<br />

Como observou o senador Roberto Campos, é o hábito curioso de "privatizar os lucros e<br />

socializar os prejuízos"... Os bancos que arrebentam por incapacidade ou malandragem de<br />

seus diretores são imediatamente encampados pelo governo, de tal maneira que o público<br />

leva invariavelmente na cabeça, o público que paga impostos. Isso é realizado com o<br />

pretexto de proteger os infelizes correntistas e os empregados da empresa falida. Na<br />

realidade, os diretores responsáveis acabam quase sempre ganhando com a operação e<br />

recebendo de volta, com lucro, seus bens penhorados. Existe uma velha definição da<br />

empresa privada como uma "empresa controlada pelo governo", sendo a empresa pública<br />

aquela que "não é controlada por ninguém", mesmo se, na aparência, é administrada por<br />

coronéis reformados, tecnocratas profissionais, amigos do presidente da República ou<br />

políticos fisiológicos. O fenômeno é, em suma, um reflexo de uma mentalidade<br />

generalizada no povo de inteira dependência em relação ao paternalismo do governo. A<br />

impotência da iniciativa privada — salvo em São Paulo e áreas de influência paulista —<br />

está profundamente entranhada na cultura popular. Qualquer coisa que não funcione na vida<br />

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