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O Dinossauro - Ordem Livre

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funcionam na área da Indústria e Comércio, 339 na área de Educação, 554 atuando em<br />

assuntos de Saúde e 383 recolhendo impostos e trabalhando no sentido de tributar cada vez<br />

mais pesadamente "o sofrido povo brasileiro". Em 1987, o Estado brasileiro nem mesmo<br />

sabe quantos órgãos, empresas e imóveis possui e administra. Atualmente, ouve-se<br />

constantemente pela imprensa que repartições públicas "descobrem" imóveis e patrimônio<br />

de sua propriedade, cuja extensão desconheciam. As estatísticas são escassas. Mas essa<br />

ignorância sobre si mesmo constitui na verdade uma das características mais aberrantes do<br />

<strong>Dinossauro</strong>.<br />

Mais uma vez, como em décadas anteriores, se fala em ociosos, e em Reforma<br />

Administrativa e na necessidade de transferências ou remanejamentos do pessoal<br />

"descartável". Pela nonagésima vez se proíbe a contratação de novos funcionários. Pela<br />

duocentésima vez se promete moralizar o serviço público. Nunca se fala, contudo, na<br />

necessidade mais lógica, justa, democrática, pragmática, cívica e patriótica de simplesmente<br />

demitir os ociosos... No mês de outubro de 1985, o senhor ministro da Administração,<br />

Aluízio Alves, declarou que não teme resistências à extinção ou fusão de repartições ou<br />

órgãos da Administração Direta ou Indireta, quando entrar em vigor a nova Lei Orgânica da<br />

Administração (mais uma!). Enquanto falava e prometia, anunciava-se que um relatório<br />

confidencial ao presidente da República denunciava que a máquina administrativa, em<br />

geral, não tem funcionado, a não ser no interesse político dos ocupantes dos cargos. O<br />

presidente da República teria "ficado irritado", conforme anunciou a imprensa.<br />

Entrementes, alguns outros membros da família do senhor presidente da República foram<br />

nomeados para cargos públicos. A Secretaria de Planejamento (SEPLAN) liberou, em fins<br />

de 1985, Cr$350 bilhões para o Ministério da Justiça aplicar na construção de presídios e<br />

até hoje não foram concluídos sequer os projetos. A criminalidade continua a atormentar as<br />

grandes cidades brasileiras e um número considerável de criminosos é composto de<br />

foragidos de delegacias e presídios. De qualquer forma, os orçamentos sempre aumentam: é<br />

o que Oliveira Vianna, com sua sabedoria, chamava de "burocratismo orçamentívoro"...<br />

O dr. Roberto Gusmão corajosamento afirmou: "É preciso desmontar por completo<br />

a máquina estatal e acabar com o ar de arrogância dos tecnocratas que, ao invés de serem<br />

passageiros do Estado, funcionam como se dele fossem proprietários"...Pouco tempo<br />

depois de afirmar esses sábios princípios, o dr. Roberto Gusmão foi demitido de suas<br />

funções. É que o ex-ministro da Indústria e Comércio fora taxativo a respeito do escândalo<br />

do IBC, ocorrido em fevereiro de 1985: "Eu pedi a extinção do órgão porque comprovei,<br />

através de uma auditoria, que aquilo é uma fonte de corrupção e negociatas". Aliás, há<br />

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