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O Dinossauro - Ordem Livre

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vice-reinados) e o método seguido pelos ingleses na América do Norte. Ali, bem no início<br />

do estabelecimento dos Pioneiros na Nova Inglaterra, a iniciativa coube aos colonos. Os<br />

Pioneiros dedicaram-se prioritariamente à agricultura e ao artesanato, desenvolvendo<br />

hábitos de self-government. O mesmo contraste, aliás, se destaca entre os colonos ingleses e<br />

os colonos franceses do Canadá, estes últimos em tudo dependendo de instruções e decretos<br />

emanados de Paris. Acresce que, no Brasil, as preocupações militares se afirmaram no<br />

sentido de proteger a exploração comercial do território (pau-brasil, açúcar, ouro) contra as<br />

investidas de piratas e corsários holandeses, franceses e ingleses. Na América do Norte, ao<br />

contrário, os pioneiros se empenhavam livremente na luta contra os índios e à expansão<br />

territorial em detrimento de outros colonizadores, franceses e espanhóis, sem intuito de<br />

rivalidade comercial. Em outras palavras, o mercantilismo ali não se instalou com a<br />

intensidade que o fez na América ibérica, nem conheceu a colonização um regime de<br />

centralização opressiva como o nosso. A liberdade de iniciativa pôde florescer em ambiente<br />

estimulante e o indivíduo, em seu isolamento diante da natureza, não conheceu um Estado<br />

paternalista a quem recorrer.<br />

No Brasil colonial, destacam-se três classes bem definidas: em primeiro lugar, o<br />

proprietário rural, ou seja o patriarca do açúcar, do gado ou do café, o dono da fazenda ou<br />

do engenho, o senhor do latifúndio fechado com seus familiares e clientes diretos, formando<br />

a aristocracia rural mas não chegando a constituir um poder feudal distintamente<br />

independente. É a gente da Casa Grande tão admiravelmente descrita por Gilberto Freyre.<br />

Em segundo lugar, temos a massa rural de escravos ou caboclos semilivres. E, em terceiro,<br />

a "classe patrimonialista" dependente do Estado — raiz da futura burocracia dominante.<br />

Seria essa divisão tripartita peculiar o que distingue o Brasil, no contexto de nosso<br />

argumento, daquelas nações europeias e norte-americanas que emergiram para a<br />

democracia liberal capitalista: nelas, o problema que se colocou inicialmente foi<br />

simplesmente o de eliminar os privilégios da classe aristocrática hereditária e do clero<br />

católico, impondo apenas uma estrita ordem moral e legal que assegurasse o livre<br />

desabrochar da iniciativa privada. Aqui, resolveríamos o argumento acentuando a tensão<br />

que, desde o início da existência histórica do Brasil, opôs as duas classes superiores, a<br />

aristocracia sertaneja e a burocracia estatal litorânea, deixando a massa rural, servil ou<br />

escrava, espremida entre ambas. Valeria salientar, nessas circunstâncias, que o liberalismo<br />

no século XIX teria sido uma "ideologia" favorecida pelos grandes proprietários rurais para<br />

combater os privilégios e o autoritarismo das famílias urbanas ligadas à Coroa e à<br />

burocracia estatal. Enquanto na Europa o patriciado dominante se apoiou no Absolutismo<br />

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