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O Dinossauro - Ordem Livre

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perder em proporções iguais". O erro denunciado por Mill resulta da forma de pensamento<br />

quantitativo infantil hoje qualificada de zero sum game. A quantidade de dinheiro sob<br />

espécie de ouro ou prata sendo fixa e estável no mundo, de acordo com a concepção<br />

mercantilista, uma nação só pode enriquecer à custa das outras. Cabe então lutar para<br />

acumular saldos. Nesse conflito de poder, o interesse nacional deve predominar sobre os<br />

interesses econômicos particulares dos súditos. Mill considerou essa visão da economia<br />

política falsa e primitiva, uma visão superável "tão pronto os homens começassem, mesmo<br />

de maneira imperfeita, a explorar o fundamento das coisas". O "fundamento das coisas" é,<br />

em suma, a capacidade criadora e expansiva do empresariado privado, o potencial<br />

produtivo crescente da iniciativa individual numa economia de mercado em progresso<br />

tecnológico. Contudo, podemos observar que a teoria econômica da soma zero foi herdada<br />

pelo marxismo das teses terceiro-mundistas, sem esquecer a encíclica Populorum<br />

Progressio do "papa angustiado" Paulo VI. Um exemplo particularmente grotesco de tal<br />

argumento (infelizmente muito vulgarizado!) é o que combate o capital estrangeiro e a<br />

remessa de lucros, sob o pretexto de que tais remessas acabam excedendo o capital<br />

investido. Abstrai-se, nesse caso, o aumento da produção que o capital estrangeiro<br />

proporcionou. Esse argumento primitivo inspira hoje a chamada teoria da "dependência".<br />

Tão do agrado da esquerda botocuda subdesenvolvida de nossas plagas, a ela recorrem<br />

aqueles que propõem a autarquia, o repúdio às multinacionais, a luta contra o capital<br />

estrangeiro, a moratória e o calote para o problema da dívida externa.<br />

Evidentemente, não era Marx mercantilista. Marx era internacionalista. Não estava<br />

interessado em aumentar a riqueza das nações, mas em destruir a estrutura do capitalismo<br />

burguês em benefício dos intelectuais que iriam administrar a "ditadura do proletariado". O<br />

pensamento de Marx, contudo, insistia na fórmula simplista de que o enriquecimento de<br />

alguém só pode ser conseguido pelo empobrecimento de outrem. A aplicação leninista<br />

desse princípio criou a teoria do imperialismo e todo o arrazoado terceiro-mundista<br />

moderno. Seu corolário muito em voga nos arraiais da intelligentsia interessada em política<br />

externa, dentro ou fora do Itamaraty, é o de que é o Brasil pobre e subdesenvolvido por<br />

causa dos ingleses, no século XIX, e dos norte-americanos no século XX.<br />

Podemos obter uma nova e mais profunda compreensão dos conflitos bélicos de<br />

nosso século, tão desastroso nesse particular, se considerarmos que as duas guerras<br />

mundiais foram provocadas, em sua perspectiva econômica, por potências nas quais<br />

permanecia, anacrônica, a mentalidade da política de poder imperial expressa no<br />

mercantilismo. Rússia, Alemanha, Itália e Japão, na década dos trinta, ainda argumentavam<br />

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