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O Dinossauro - Ordem Livre

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psicológicas, culturais, religiosas e históricas da desconfiança em relação às leis do<br />

mercado, da ojeriza ao conceito de lucro e do medo quase paranoico a toda concorrência<br />

capitalista. O emérito professor conclui no sentido de que terá o Brasil de reformular a sua<br />

estratégia econômica se desejar continuar a crescer com sucesso o resto desta centúria.<br />

Também parece claro, afirma ele, que de novo a performance das companhias públicas terá<br />

um papel determinante no desempenho econômico de nosso país.<br />

Um problema frequente na economia estatal brasileira é o incoercível ímpeto de<br />

autonomia das autarquias. Essa autonomia seria evidentemente um fator que<br />

consideraríamos positivo, se as autarquias competissem livremente no mercado contra<br />

outras autarquias, trabalhando no mesmo terreno. Mas tal não é o caso: as empresas estatais<br />

são monopolísticas. O governo pode pretender reduzir as despesas de custeio da empresa ou<br />

limitar seus lucros em benefício dos usuários industriais — em benefício do povo em suma.<br />

A diretoria da empresa resiste a tais intervenções. Pede subsídios maiores ou procura fazer<br />

lucros e distribuí-los entre seus diretores e funcionários. Verifica-se nestes últimos anos que<br />

a fiscalização das estatais é às vezes deficiente ou reduzidíssima, enquanto a própria<br />

empresa autárquica não se sente sujeita aos controles naturais existentes numa empresa<br />

capitalista em economia de mercado: os do próprio mercado onde atuam diversos<br />

concorrentes. Se a FEPASA, por exemplo, não dá lucro, não vamos imaginar que seus<br />

diretores reduzam por isso seus próprios salários, que ponham na rua o excesso de<br />

funcionários ociosos ou que declarem falência: o Estado estará sempre lá para ser sugado e<br />

mamado e, evidentemente, para sugar e mamar o contribuinte. O resultado dessa curiosa<br />

situação é que a tal empresa estatal, feita em última análise para o benefício do consumidor<br />

ou do usuário, acaba levando o que há de pior no socialismo e no capitalismo. Do<br />

capitalismo, leva o desejo de lucro, sem o corretivo da eficiência pela competição no<br />

mercado. Do socialismo, o subemprego, a ociosidade, a ineficiência, sem o benefício do<br />

interesse social para o povo.<br />

Alfred Stepan, o conhecido brazilianista já mencionado anteriormente que dirige o<br />

Departamento de Relações Internacionais da Universidade de Colúmbia, em Nova York,<br />

investigou as origens do social-estatismo na América Latina em um trabalho sobre o Peru:<br />

The State and Society, Peru in comparative Perspective (Princeton University Press, 1978).<br />

Assevera Stepan, em sua procura das bases filosóficas do papel social do Estado na<br />

América Latina, que o corpo de ideias social-estatizantes tem raízes que podem ser<br />

atribuídas a Aristóteles, através do direito romano, à concepção medieval de direito natural,<br />

e à filosofia social católica contemporânea, formando uma visão "orgânico-estatista"<br />

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