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O Dinossauro - Ordem Livre

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Representa o Romantismo realmente um dos movimentos de ideias mais potentes<br />

que plasmaram o inconsciente coletivo brasileiro, determinando os rumos de nossa cultura<br />

nascente. Basta mencionar o impacto do Romantismo em nossa literatura e em nossa vida<br />

política, a importância psicológica de lugares-comuns como a predestinação do Brasil; ou a<br />

nacionalidade brasileira de Deus; ou a natureza fundamentalmente "boa" do homem<br />

brasileiro — para avaliar o quanto ainda vivemos na atmosfera soporífera de nossa visão<br />

romântica do Paraíso tropical. Mais recentemente, o romantismo tem invadido a própria<br />

teoria política. Na Teologia da Libertação, para a qual tanto estão contribuindo ilustres<br />

prelados patrícios, o mito revive com a concepção da "bondade" implícita dos<br />

subdesenvolvidos do Terceiro-Mundo em relação à maldade feroz dos industrializados,<br />

capitalistas, opressores e imperialistas de além-mar. Poderíamos chegar ao argumento de<br />

que o próprio sucesso do Marxismo em nossas plagas se prende às origens românticas do<br />

pensamento de Marx. Este com efeito era, em matéria de dinheiro, um boêmio nefelibata<br />

que refugava qualquer trabalho útil e qualquer poupança — no que muito se assemelha às<br />

nossas próprias tendências de aristocratas ociosos e especulativos, debatendo no Lamas os<br />

problemas do Cosmos. No estágio inicial primitivo da sociedade humana, dizia Marx,<br />

encontrava-se o paraíso sem o pecado original da propriedade privada. Vivendo toda a sua<br />

vida às custas de Engels, o que Marx provavelmente ansiava era o retorno àquele paraíso<br />

onde as regras ferozes da economia moderna ainda não estavam em vigor. O segredo do<br />

fascínio de Marx para nossos intelectuais reside, certamente, nessa postura antieconômica<br />

de que o dinheiro ou a propriedade é a origem de todos os males, de todos os pecados. Marx<br />

não estava aí recordando o Antigo Testamento mas a Primeira Epístola de S. Paulo a<br />

Timóteo, cap. 6, 1...<br />

No momento da independência, dispunha o Brasil, como aliás as outras nações<br />

latino-americanas, de vários paradigmas políticos a escolher. Havia, teoricamente, um leque<br />

de opções disponíveis. Em virtude do funcionamento da instância psicológica da Persona,<br />

cabia-nos vestir a nossa vivência coletiva incipiente, motivada pelo jogo das paixões<br />

políticas, com uma máscara institucional. Fomos naturalmente buscar o modelo nas nações<br />

mais avançadas da Europa. Essas se tornaram, para nós, as sociedades exemplares.<br />

É fácil de entender que tenhamos também, inicialmente, procurado nos Estados<br />

Unidos o paradigma apto a satisfazer-nos o anseio de liberdade e organização própria, ao<br />

tentarmos nos independizar do regime absolutista e mercantilista imposto por Pombal. De<br />

fato, com exceção do Brasil, as nações latino-americanas fizeram-se repúblicas<br />

presidencialistas e, ocasionalmente, adotaram o federalismo, não obstante haja este<br />

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