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O Dinossauro - Ordem Livre

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Reagan: uma série enorme de tendências variadas e frequentemente contraditórias<br />

proliferaram, desde a Moral Majority e os partidários do Senador Helms, até os<br />

Libertarians e os Anarcho-Capitalists, alguns associados à ala direita do Partido<br />

Republicano, outros fiéis aos princípios jeffersonianos do Partido Democrático. O<br />

movimento não é ideológico mas francamente anti-ideológico (Daniel Bell). É pluralista, às<br />

vezes ambíguo e sempre dificilmente passível de definições. Contém, no entanto, um traço<br />

comum que é o combate à excessiva intervenção do Estado na economia, para assegurar o<br />

welfare, e na política social para impor a igualdade econômica. Mantém-se, contudo, a<br />

ambiguidade do termo "liberal" que, nos EUA, carrega um ranço esquerdista socializante,<br />

mais condizente com as tradições populistas da linha romântica de Jefferson, Paine e<br />

Jackson do que com os componentes verdadeiramente liberais de 1776. Diga-se de<br />

passagem que, não obstante o comprometimento oficial da reagonomics com a<br />

desestatização, o fato é que o próprio Reagan ainda não conseguiu seriamente abalar o<br />

poder do social-estatismo surgido à época do New-Deal rooseveltiano.<br />

Na entrevista de Sorman a que me refiro, notei um erro, não sei se do entrevistado<br />

ou do entrevistador, mas de qualquer forma sintomático. Bernard de Mandeville, embora de<br />

origem huguenote, não era francês mas holandês de Rotterdam. Viveu e morreu na<br />

Inglaterra († 1733). Sua Fábula das abelhas desempenhou sem dúvida um importante papel<br />

na gênese da Teoria do Liberalismo econômico moderno — mas não do tipo daquele<br />

suscetível de "restaurar a ordem". Sorman só superficialmente se refere, na parte final de<br />

sua entrevista, ao fato de a restauração de uma economia de mercado, com suas "virtudes",<br />

implicar um novo vigor da ordem moral. Isso está claro nos aspectos mais salientes da<br />

chamada Revolução conservadora americana. "A economia liberal só pode desenvolver-se<br />

efetivamente dentro de um estado de direito... Se você vive numa sociedade que não<br />

respeita a palavra dada, os contratos, os acordos, a situação dos empregados, etc. o<br />

capitalismo não pode subsistir." Enfim, contrariando Mandeville, não são os "vícios<br />

privados" que se tornam benefícios públicos, mas uma poderosa estrutura ética e legal (e<br />

também religiosa) que assegure, como queria Tocqueville, o funcionamento harmonioso de<br />

uma democracia e de um laissez-faire econômico.<br />

O neoliberalismo nesse sentido terá que escapar das velhas e rígidas fórmulas da<br />

bipolaridade ideológica esquerda x direita. A dimensão ética é vertical: não está nem à<br />

esquerda, nem à direita. Não se trata tampouco de fazer "a crítica do autoritarismo sob<br />

todas suas formas". Trata-se, isso sim, de impor uma forte autoridade moral que, sobre o<br />

alicerce das virtudes privadas e a consciência da responsabilidade, possa erguer o majestoso<br />

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