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O Dinossauro - Ordem Livre

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eformas racionais e Boileau pontifica<br />

Aimez donc la raison, que toujours vos écrits<br />

Empruntent d'elle seule et leur lustre et leur prix...<br />

Mas embora já houvesse homens suficientemente lúcidos para, como já lembramos<br />

Pascal, prevenir que o coração tem suas razões que a razão desconhece, todos os<br />

inteligentes da época se consideram racionais e erguem o culto de Minerva como elemento<br />

central da civilização da época.<br />

Hoje, já não entendemos tão facilmente esse fascínio dos homens do século XVIII.<br />

O Romantismo interveio entrementes. Consideremos, entretanto, que eles tinham<br />

consciência de haver descoberto a arma definitiva do intelecto e imaginavam que, com ela,<br />

todo progresso seria possível. Não obstante as grandes revoltas do irracionalismo<br />

contemporâneo, essa ideia ainda permanece válida para aqueles que continuam a acreditar<br />

numa evolução indefinida, segundo as promessas da ciência. Ela é válida, sobretudo, para<br />

aqueles que ainda não criaram dentes de siso.<br />

Comparemos, por exemplo, o que ocorre na Europa do Século das Luzes com as<br />

nossas próprias circunstâncias atuais brasileiras. O racionalismo gera uma mentalidade. Os<br />

homens sentiam então que estavam a sair do atraso, do ambiente de superstição e rotina<br />

grosseira, da ignorância e da tradição carcomida. Libertavam-se do subdesenvolvimento,<br />

mas num sentido antes cultural, social e político do que propriamente econômico.<br />

Imaginavam um novo mundo a construir que marcaria o triunfo da inteligência e é nesse<br />

momento, efetivamente, que o Mito do Progresso os empolga. A civilização avança,<br />

promete e abre perspectivas alucinantes para as grandes potências que estão na sua ponta de<br />

lança. Quem nasceu na idade barroca, tão equilibrada, tão elegante, tão suave de maneiras e<br />

teatral em suas pretensões, viveu numa constante expectativa de novas revelações,<br />

surpreendentes, que deviam beneficiar toda a humanidade.<br />

A grande revolução científica originou-se não somente na descoberta medieval do<br />

poder do intelecto humano mas no reconhecimento dos fatos como são. A Idade moderna<br />

não é apenas racional, é empírica.<br />

Não é mais dedutiva como Descartes mas indutiva como Bacon. Nesse sentido,<br />

poderíamos propor a tese de que, se a Razão, em nossa época, perdeu algo de sua antiga<br />

glória e fama, os fatos em si continuam a ser reconhecidos como tenazes e irredutíveis —<br />

qualquer que seja o sucesso, das tentativas do realismo mágico, do espiritismo, da<br />

astrologia e da neofeitiçaria para contestar o empirismo. A tecnologia baseia-se na<br />

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