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O Dinossauro - Ordem Livre

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Renascimento e atinge o pináculo de sua popularidade no século XVIII, particularmente na<br />

filosofia de Rousseau. O socialismo é hoje o principal suporte da convicção esdrúxula de<br />

que a presença do Mal deve ser exclusivamente atribuída às "estruturas sociais", as quais<br />

cabe subverter e substituir por outras. Mas, não nos adiantemos...<br />

Ao longo do debate que opôs, nas academias europeias, os racio-nalistas e os<br />

românticos — tiveram os primeiros tendência a exaltar o planejamento pela autoridade<br />

racional e seu valor no governo eficiente, segundo os princípios do "direito natural"; ao<br />

passo que os românticos, menos preocupados com a lógica de seus argumentos, sempre se<br />

sentiram seduzidos pelos ímpetos ardentes do protesto libertário. Isso não quer dizer que os<br />

racionalistas da Enciclopédie não hajam contribuído para a Revolução Francesa. Nem<br />

tampouco que a filosofia idealista alemã, de tendências românticas, não haja exaltado o<br />

Estado prussiano nascente e o nacionalismo belicoso, criador do imperialismo germânico.<br />

Nem, menos ainda, que os socialistas de esquerda, oriundos ao mesmo tempo do<br />

Racionalismo e do Romantismo, não hajam, em nome da Liberdade, elaborado as bases<br />

ideológicas para o despotismo mais feroz que o mundo jamais conheceu. De qualquer<br />

forma, o que há de mais típico na crítica racionalista é o ceticismo de Voltaire: "Prefiro ser<br />

governado por um grande Rei leão, do que por ratos como eu, um milhão"...* O verdadeiro<br />

fruto da idade da Razão é o Despotismo Esclarecido. E alguns consideram que também a<br />

verdadeira vocação da civilização tecnológica e científica moderna é para a arregimentação<br />

autoritária, com gigantismo estatal. Foi essa convicção pessimista que inspirou as duas<br />

maiores distopias do século XX: o Admirável novo mundo de Aldous Huxley, e o 1984 de<br />

George Orwell.<br />

O tema que nos ocupa é, portanto, da mais lídima atualidade. E vale por isso<br />

relembrar o que sobre ele nos tem a dizer Thomas Hobbes, que morreu em 1679, com 91<br />

anos — Hobbes que foi, provavelmente, um dos mais funestos e o maior psicólogo político<br />

que já conheceu a Europa. O sucesso supremo de Hobbes foi haver compreendido e sentido<br />

a tônica pessimista da posição racionalista extrema (Hobbes considerava-se discípulo de<br />

Descartes e de Galileu), no que diz respeito aos problemas do Estado, do poder, da lei, da<br />

ordem e da segurança nas sociedades civilizadas modernas. Tal pessimismo, que contrasta,<br />

tão surpreendentemente, com o otimismo generalizado da maior parte dos racionalistas do<br />

Século das Luzes, Hobbes o revela, desde logo, na própria escolha do título de sua obra. Ele<br />

evocou o Leviathan da Bíblia. O destino de uma Cidade (no sentido de Estado-nação) que é<br />

construída neste mundo sobre a base única de um Logos secularizado, imanentizado e<br />

* Je prefere être gouverné par un grand lion de Roi, que par um million de rats comme moi.<br />

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