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O Dinossauro - Ordem Livre

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energias como se fossem complexos autônomos, adquirindo com isso um poder diabólico<br />

sobre o Inconsciente coletivo dos povos do Ocidente e daqueles que, mais de perto, estavam<br />

em contato com o espírito do Ocidente.<br />

* * *<br />

O Romantismo, em sua primeira expressão, alimentou-se das frustrações da<br />

epopeia revolucionária e napoleônica, perdurando como elemento dinâmico até as<br />

revoluções de 1848. Os filósofos idealistas alemães estabeleceram uma estranha aliança<br />

com a maquinaria do tiranossauro militarista que crescia na Prússia. Mas era, sobretudo, na<br />

literatura, na poesia e no "romance" que os tuberculosos apaixonados do luar melancólico,<br />

dos lagos tranquilos, das flores e dos campos perfumados, cantando a Weltschmerz,<br />

procurariam extraverter seus sentimentos transbordantes — até fenecer sob o impacto da<br />

reação do puritanismo vitoriano e da arregimentação no estado industrial, triunfante na<br />

segunda metade do século.<br />

Política e socialmente, o sonho construtivista-utópico se manifestaria na obra de<br />

homens como Fourier, Owen, Saint-Simon e Proudhon — o socialismo em seus primórdios.<br />

Marx revela a cisão do romantismo e do racionalismo materialista em seu próprio<br />

pensamento. Eis o motivo por que se descobre, hoje, o "jovem Marx" de antes do Manifesto<br />

Comunista de 1848, o Marx do profetismo revolucionário, libertário, emocional, ardente,<br />

indignado com as injustiças sociais — em contraposição ao Marx "científico", autor frio,<br />

pesado e carrancudamente debruçado sobre Das Kapital.<br />

Na superfície da história pragmática, a profunda intranquilidade dos espíritos, na<br />

medida em que está relacionada com os fenômenos de desintegração da alma sob o impacto<br />

antitético do Racionalismo e do Romantismo, manifesta-se pelo culto do grupo divinizado<br />

no Estado nacional. A "rebelião das massas" de que nos fala Ortega evoca um novo<br />

evangelho legitimador. É a religião do "Deus Mortal", desse monstro a que Hobbes dera o<br />

nome de Leviatã e cuja energia decisória foi definida por Rousseau como a "Vontade<br />

Geral" do grupo. Sua ideologia, no que tem de mais "moderno", é o Nacional-Socialismo<br />

revolucionário. A dialética da esquerda e direita; os debates infindáveis entre<br />

conservadores, liberais e socialistas; o duelo mortal que ensanguentou o segundo quarto do<br />

nosso século entre fascistas e comunistas, procurando, cada um a seu modo, desmanchar os<br />

nós cegos amarrados por Hobbes, Rousseau, Hegel e Marx; a incapacidade de conciliar as<br />

exigências opostas da liberdade, da justiça e da segurança; o movimento pendular entre<br />

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