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O Dinossauro - Ordem Livre

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França é o país mais anti-soviético da Europa, depois da Polônia; e que todo o pensamento<br />

socialista em seu país está esgotado!<br />

Revel, sem misericórdia, acrescenta a tais confissões que, "nas fileiras da oposição,<br />

a escolha liberal certamente se afirma de modo mais aberto. Estudos, livros e dossiês<br />

abundam e, ao contrário do que pretendem os socialistas, são frequentemente sérios, bem<br />

documentados e prudentes." E acentua ainda que "a grande, a indispensável reviravolta<br />

reside precisamente aqui". Em um dos mais sutis ensaios políticos publicados em 1985, Le<br />

droit sans 1'Etat (O direito sem o Estado, PUF), Cohen-Tanugi revela que "a França parece<br />

ter entrado recentemente em uma fase de transição, discretamente revolucionária, para a<br />

sociedade contratual". Esta se opõe à sociedade regulamentada que implica e ademais gera<br />

o infantilismo dos seus membros. "Os nossos dirigentes parecem sempre nos dar<br />

desdenhosamente a caridade de suas ideias ao dizer: 'Eu vos pedi os vossos votos e não os<br />

vossos conselhos'. É o que eles chamam curiosamente de 'não fazer demagogia'".<br />

Recorrendo também a Tocqueville, lembra Revel que a ditadura ideológica vem de<br />

muito longe. Em L'Ancien Régime et la Révolution, Tocqueville cita uma circular real de<br />

1761 anunciando que doravante La Gazette de France será composta sob os próprios olhos<br />

do governo. Não nos enganemos: "essa decisão exprimia menos um apetite de censura, na<br />

época já bastante enfraquecido, do que a convicção do governo de estar mais preparado do<br />

que ninguém, em França, para fazer um bom jornal... Os obstáculos que se opõem à<br />

modernização da França não provêm todos, porém, do Estado, mas seja qual for a sua fonte,<br />

percebe-se que eles derivam de um mesmo princípio e se constroem segundo uma mesma<br />

fórmula: uma minoria estática, administrativa ou corporativista, confisca o poder de decisão<br />

da sociedade civil. O país padece assim até a asfixia, especialmente nos serviços públicos,<br />

de mecanismos que seus utilizadores desviaram sub-repticiamente de sua legítima<br />

destinação." Um exemplo edificante que Revel oferece da "Sindicracia científica",<br />

promovida pela Nova Classe intelectual, é o do Centro Nacional de Pesquisas Científicas.<br />

Os vícios são flagrantes: "número muito baixo de horas de trabalho semanais, número<br />

muito elevado de semanas de férias anuais, número muito baixo de resultados e de<br />

publicações, número muito elevado de 'prêmios de pesquisa', falta de rendimento dos<br />

pesquisadores e às vezes ausência dos próprios pesquisadores: um deles se engajou na<br />

Frente Polisário! Outros dois desapareceram sem deixar endereço: uma senhora, para a qual<br />

o amor conjugal tem um brilho mais intenso do que o espírito científico, abandonou o seu<br />

laboratório para seguir o marido até la Rochelle. Todos esses eminentes trabalhadores<br />

intelectuais continuaram, não obstante, recebendo a sua remuneração durante muitos anos.<br />

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