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O Dinossauro - Ordem Livre

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Consequentemente, a classe capitalista será a classe dominante. Porém, na medida em que<br />

se restringe o funcionamento da economia de mercado através da ampliação da intervenção<br />

do Estado, com as estatizações das empresas e o planejamento, cresce a importância da<br />

tecnocracia e da burocracia, reduzindo-se o poder político e social dos que vivem do capital<br />

econômico. A completa estatização dos meios de produção e o planejamento integral da<br />

economia e da sociedade significam o fim do capital econômico mas não do capital cultural<br />

ou intelectual. A burguesia estaria liquidada, mas não os intelectuais. As fábricas e o<br />

sistema produtivo estatal deixariam de ser dirigidos pelos proprietários. Mas sempre haveria<br />

necessidade de diretores, gerentes e técnicos. Estes, certamente, não seriam selecionados<br />

entre os operários de baixo nível de escolaridade mas entre os economistas, engenheiros,<br />

administradores de empresas, etc, quer dizer, entre os que possuem um saber especializado.<br />

É nesse processo que uma parcela da intelectualidade (a tecnocracia) se transforma em<br />

classe dirigente enquanto o conjunto da intelectualidade se converte na nova classe<br />

dominante. O estatismo, consequentemente, é o modo de produção que melhor atende aos<br />

interesses da intelectualidade erigida em classe, na medida em que esse modo de produção<br />

implica concomitantemente a eliminação dos capitalistas privados e a sujeição da classe<br />

operária aos novos senhores.<br />

Leôncio Martins Rodrigues oferece assim um conceito muito fértil de "capital<br />

cultural ou intelectual". Em suma, assevera ele, o "poder operário" entra aí como mera<br />

ideologia. Na realidade, em toda parte onde se instalou o socialismo, os trabalhadores<br />

manuais foram submetidos a formas de dominação mais duras do que sob o capitalismo<br />

privado. O socialismo, como uma criação dos intelectuais, já foi analisado no começo do<br />

século segundo lembra o professor paulista, por Jan Makhaiski, autor que ficou esquecido.<br />

Mas ele conclui: uma das ideias em que os intelectuais não gostam de pensar é que o saber<br />

não separa apenas sábios e ignorantes mas funda um sistema de dominação e<br />

hierarquização. O professor paulista não declara, mas o nome que imediatamente me ocorre<br />

para ilustrar a sua tese é o do senador Fernando Henrique Cardoso.<br />

* * *<br />

Alguns acham que o termo "intelectual", como tipo social específico e batizado<br />

por Clemenceau, apareceu pela primeira vez, em 1898, no "Manifesto dos Intelectuais"<br />

firmado entre outros por Emile Zola, Anatole France, Proust e Leon Blum, para protestar,<br />

em apoio ao J'Accuse, contra o escândalo do processo Dreyfus. Em seu arrazoado contra os<br />

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