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O Dinossauro - Ordem Livre

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eficiência das quase 600 empresas públicas que encabeçaram o desenvolvimento<br />

econômico do Brasil até seu atual resultado de um PNB de cerca de trezentos bilhões de<br />

dólares anuais, o que nos colocaria em sétimo lugar entre as potências do mundo livre. É<br />

verdade que as comparações de Trebat se relacionam quase sempre com outros países em<br />

desenvolvimento, principalmente da América Latina. É provável, certo, que nossa<br />

administração pública seja mais eficiente e menos corrupta que a mexicana, ou a peruana,<br />

ou mesmo a argentina. Não é muito pretender! Trebat aceita a tese de que a empresa estatal<br />

desempenhou um papel de primeiro plano no esforço para conseguir a emergência do Brasil<br />

como nação industrial. Mas o mesmo resultado não teria sido possível pelo recurso à<br />

iniciativa privada, nacional e estrangeira, perguntamos nós? A discussão pode ser ociosa,<br />

mas o fato é que outros países conseguiram sobrepujar sua situação de subdesenvolvimento,<br />

sem recorrer a uma intervenção tão maciça do Estado na economia. Estamos agora mesmo<br />

assistindo ao desempenho admirável de países da Ásia Oriental como a Coreia, Taiwan, a<br />

Malásia e Singapura, que estão conseguindo esse sucesso pela confiança depositada na<br />

empresa privada.<br />

Trebat de qualquer forma condena a defesa ou a crítica do empresariado estatal em<br />

bases exclusivamente ideológicas. Chego a concordar com esse ponto de vista pragmático<br />

mas me pergunto se o momento realmente não chegou, em nosso país, de reavaliarmos a<br />

intervenção do Estado na economia. Tudo indica, aliás, que a uma tal reavaliação já se está<br />

procedendo na presidência Sarney, embora fique também certo que as proclamações de<br />

amor à iniciativa privada se encontram frequentemente na boca de ideólogos fortemente<br />

comprometidos com o socialismo. Até um dirigente do Partido Comunista se abalou a<br />

elogiar a iniciativa privada: melhor faria se abandonasse sua sovietofilia... O professor<br />

americano opina no sentido de que as elites latino-americanas, ao levar em consideração as<br />

grandes desigualdades econômicas e culturais reinantes no continente, temem a empresa<br />

privada capitalista como susceptível de agravar tais desigualdades. Em toda parte, como no<br />

Brasil, o temor do enriquecimento dos empresários tem tido como consequência o<br />

enriquecimento ilícito dos capitalistas de Estado, o que quer dizer, dos burocratas<br />

patrimonialistas. Ao ponto de vista de Trebat poderíamos então acrescentar que são essas<br />

mesmas elites intelectuais privilegiadas as que vão administrar as empresas estatais e, desse<br />

modo, mantêm seus privilégios desiguais. O fato é que, se estivéssemos todos dispostos a<br />

aceitar o inevitável agravamento inicial das desigualdades, que acompanha a revolução<br />

industrial incipiente, lançaríamos as bases de um bem-estar econômico futuro de que<br />

participaria toda a população. Trebat, no entanto, não se estende sobre as raízes<br />

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