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O Dinossauro - Ordem Livre

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formação de elites administrativas tecnicamente preparadas segundo critérios racionais de<br />

seleção. O mito da "sociedade de massas" constitui, na realidade, uma vasta operação de<br />

burla, talvez parcialmente inconsciente, para esconder com uma cortina de fumaça<br />

demagógica e, com isso, coibir o ímpeto natural que seleciona as elites numa sociedade<br />

individualista livre.<br />

* * *<br />

Quais são as novas elites que estão surgindo em nosso país, qual o seu papel e o<br />

que delas podemos esperar?<br />

Podemos, inicialmente, registrar a presença atuante de três grupos ou classes de<br />

elite na conduta do país, não apenas dentro do governo como classe dirigente, mas<br />

exercendo o seu poder influente de modo indireto. Temos, em primeiro lugar, os militares.<br />

Estes constituem uma elite que sob muitos aspectos, parece configurar a velha tradição do<br />

poder aristocrático, do que antigamente se chamava a noblesse d'épée, a nobreza de espada,<br />

especializada no uso do poder armado, de defesa, agressão e coerção; e organizada segundo<br />

ritos e princípios tradicionais de hierarquia e disciplina. No Brasil, essa elite militar se<br />

transforma rapidamente, mercê de seu recrutamento democrático na classe média e de<br />

conformidade com os ideais e interesses da classe média, em uma elite simplesmente<br />

burocrática e tecnocrática. Diz-se, frequentemente, que o Brasil foi governado entre 1964 e<br />

1984 por um "sistema" tecnocrático, civil e militar. Se isso é verdade, tal sistema<br />

corresponde, corretamente, ao anunciado tipo de domínio racional-legal, proposto por<br />

Weber como resultado do desenvolvimento da democracia.<br />

Temos, em segundo lugar, o clero. Este nunca desempenhou em nossa terra um<br />

papel relevante como classe. Sempre manteve a Igreja, no Brasil, um comportamento<br />

político passavelmente secundário. A situação evidentemente mudou nos últimos vinte e<br />

tantos anos com a crescente intervenção, direta e indireta, de sacerdotes na política. Vale<br />

aqui chamar a atenção para a obra de Nicolas Boer, Militarismo e clericalismo em<br />

mudança, com prefácio de Roque Spencer Maciel de Barros (São Paulo, 1980). O trabalho,<br />

que infelizmente não recebeu a divulgação que merecia, cobre de maneira exaustiva o<br />

desenvolvimento que tomou a elite militar e a elite clerical, frequentemente em conflito em<br />

nosso meio. Boer critica os aspectos positivos e negativos de sua respectiva atuação. Pouco<br />

teríamos a acrescentar a essa análise, tanto mais interessante quanto traça um confronto<br />

histórico com o ocorrido em outras épocas e outras nações. Podemos simplesmente apontar<br />

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