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O Dinossauro - Ordem Livre

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cerca de 1.500 funcionários, grande parte dos quais nada faz. Imaginem o que seria se o<br />

Tribunal, em vez de ser do Trabalho, fosse do ócio!<br />

Numa estimativa modesta, a soma que os chamados ociosos do serviço público<br />

consomem nos orçamentos federal, estaduais e municipais é superior às remessas de lucro<br />

das companhias estrangeiras, o que constituía, outrora, uma perene reclamação dos<br />

nacionalistas xenófobos. Ela se aproxima, estou certo, do total do serviço da dívida externa.<br />

Na primeira edição deste ensaio, em 1972*, fiz uma asseveração que acredito ser ainda<br />

verdadeira. Era a seguinte: essa soma é equivalente ou superior à média anual que temos<br />

recebido, a título de ajuda, por parte dos Estados Unidos e das agências internacionais. É<br />

também superior à chamada "deterioração das relações de troca" de nossos produtos<br />

primários de exportação — uma de nossas grandes queixas diplomáticas e postulado de<br />

política externa. É uma soma que teria sido suficiente para desencadear o tão esperado<br />

processo do desenvolvimento nacional, o nosso take off...<br />

Arnold Toynbee referiu-se certa vez ao Brasil, em seu monumental Estudo da<br />

História, para mencionar que, ao receberem o nosso país e a China o "dom da eficiência",<br />

poderão transformar-se em grandes potências. Não sei se a China de Deng Xiaoping já foi<br />

visitada por esse carisma. O fato é que se converteu num fator de importância no palco da<br />

vida internacional. Será que também precisamos de uma revolução tão brutal quanto a<br />

chinesa para metamorfosear a nossa burocracia em uma administração eficiente, capacitada<br />

para o desenvolvimento? O problema tem que ser colocado, pois é devido a uma<br />

administração ineficiente e egoísta que morrem cada ano perto de 400.000 crianças,<br />

padecendo vinte milhões de sertanejos de endemias rurais e permanecendo nas trevas do<br />

analfabetismo 20 milhões de adultos. Que fazer? Despedir quatrocentos ou quinhentos mil<br />

ociosos, deixando na miséria mais de um milhão de dependentes? O fato é que, como<br />

demonstra M. H. Simonsen, "um funcionário ocioso que recebe o equivalente de 2.500<br />

dólares anuais impede que a economia poupe o necessário à criação de um emprego por<br />

ano. Dez anos de ociosidade são dez empregos que deixaram de ser gerados". Esse cálculo<br />

deveria sensibilizar os que "têm pena" dos ociosos ou que "toleram o empreguismo como<br />

uma fórmula de apaziguamento da oferta da mão-de-obra num país sujeito à explosão<br />

demográfica"...<br />

204<br />

* * *<br />

Na Petrobrás existe uma quantidade de funcionários familiarmente denomidos<br />

* Em Psicologia do subdesenvolvimento, APEC, 1972.

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