12.04.2013 Views

O Dinossauro - Ordem Livre

O Dinossauro - Ordem Livre

O Dinossauro - Ordem Livre

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

consistiam apenas em "ornamentos", sem valor intrínseco. Não escondiam outro propósito<br />

senão o de dar vida às pedras, significado à vegetação, enchendo as águas, as florestas, as<br />

grutas e as clareiras de Versalhes com uma nova população de seres fantásticos. Seriam<br />

escapadas românticas para o sonho. Ilusões estupendas a inflamar com sensualidade o<br />

domínio frio dos espaços e as abstrações geométricas da "arquitetura da inteligência".<br />

Entretanto, uma vez reduzida a linguagem dos símbolos a algo que só pode ser<br />

compreendido quando externalizado em arte, perde inteiramente seu poder sobre o espírito<br />

humano: torna-se artificial e morre. O Romantismo representa uma tentativa fracassada de<br />

dar nova vida aos símbolos. Os românticos são, no fundo, reacionários que apenas agravam<br />

a dissociação entre o Logos e o Eros, o aspecto mais alarmante do modernismo. Por outro<br />

lado, a tentativa intelectualista de "explicar" o mito solar conduz ao absurdo completo,<br />

como quando escreveu Renan: "...antes que tenha a religião conseguido proclamar a Deus<br />

no absoluto e no ideal, isto é, fora do mundo, um só culto foi racional e científico, o culto<br />

do sol". Com a lógica de tal argumento, o animismo da mitologia primitiva é declarado<br />

"científico e racional"! É essa a atitude paradoxal dos positivistas.<br />

O fato é que a simbolização cosmológica pagã era um sinal portentoso dos novos<br />

tempos. O indício da nova religião civil estatal. Na medida em que o culto da personalidade<br />

cobria uma divinização real do Homo Sapiens, na pessoa do rei, correspondia a uma perda<br />

sensível do poder dos símbolos cristãos sobre a alma coletiva. Ouçamos La Bruyère, que<br />

escrevia: "Quem quer que considere a fisionomia do rei como a felicidade suprema do<br />

cortesão, e passe a vida olhando para ela e a mantenha no âmbito de sua vista, poderá até<br />

certo ponto compreender como constitui a visão de Deus a glória e a felicidade dos santos."<br />

Neste ponto, citemos as observações de Jung concernentes aos fenômenos neuróticos que<br />

coincidem com a inflação psicológica, na situação anormal resultante da emergência de<br />

conteúdos inconscientes. Um sinal infalível, escreve Jung em Dois ensaios de Psicologia<br />

Analítica, "parece ser o aparecimento do elemento 'cósmico', isto é, as imagens nos sonhos<br />

e nas fantasias ficam relacionadas com qualidades cósmicas tais como infinidade temporal<br />

ou espacial, velocidades enormes ou extensão do movimento, associações 'astrológicas',<br />

analogias telúricas, lunares ou solares, mudanças nas proporções do corpo, etc... O<br />

elemento coletivo é muito frequentemente anunciado por sintomas peculiares como, por<br />

exemplo, sonhos onde o sujeito se vê ou se sente voando pelos espaços como um cometa,<br />

ou pensa que é a Terra, ou o Sol, ou uma estrela".<br />

A inflação provocada pelo absolutismo monárquico estendeu-se da política para a<br />

aparência pessoal, que se tornou tão artificial quanto possível. Todo o mundo e todas as<br />

25

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!