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O Dinossauro - Ordem Livre

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privatização. A companhia teria 2.040 empregados registrados conforme a CLT mas pagava<br />

salários para 2.387, não sendo possível saber como são remunerados os restantes. Os jornais<br />

informaram à época que, segundo auditoria efetuada, o passivo trabalhista da empresa era<br />

impossível de ser coberto, principalmente por causa das tais pensões vitalícias. O<br />

levantamento descobriu também que a companhia era dona de 25 imóveis em São Paulo,<br />

Rio, Belo Horizonte, Santos, Campinas e outras cidades. O caso ilustra perfeitamente o<br />

problema do contraste entre empresa privada e empresa pública: privada, a Companhia<br />

Usinas Nacionais já há muito teria falido. As leis do mercado capitalista se encarregam de<br />

eliminar, inexoravelmente, o larápio ineficiente...<br />

Vejam agora o caso extraordinário da empresa conhecida como Caraíbas Metais,<br />

situada em Jaguarari, no sertão baiano. É um prodígio de ineficiência, provavelmente<br />

porque seus funcionários são mais dedicados à poesia, ao candomblé e à dança com trioelétrico<br />

do que à extração de cobre. A mina, na qual foram investidos 700 milhões de<br />

dólares desde 1974 (600 milhões postos fora), dispõe de 1.800 empregados na jazida a céu<br />

aberto, na parte da mina que é subterrânea e numa usina de concentração e beneficiamento<br />

do cobre. Mas 2.200 outros funcionários burocráticos se dedicam a administrar,<br />

pessimamente, o funcionamento da mina, com sinecuras em Salvador, São Paulo e Brasília.<br />

Se a mina fosse particular, há muito teria falido e estaria fechada. No caso, a Caraíbas<br />

Metais, que vale pouco mais de cem milhões de dólares, existe apenas para sustentar seus<br />

funcionários.<br />

Outro caso interessante e muito antigo é o do Lóide Brasileiro. A estatal opera com<br />

prejuízo acumulado de 50 milhões de dólares (mais de 3 bilhões de cruzados,<br />

aproximadamente, em 1987). Sua frota é obsoleta. Entrementes, o Brasil continua a gastar<br />

quase um bilhão de dólares anuais com afretamento de navios estrangeiros, enquanto a<br />

indústria naval, que é quase toda nacional, se queixa de abandono e ociosidade. O<br />

presidente do Lóide, para comemorar a obsolescência da frota e os prejuízos da companhia,<br />

nomeou novos delegados no exterior, com salários em dólar equivalentes a Cz$500.000<br />

mensais (mais de US$10.000!), mais do que qualquer embaixador. O desastre da marinha<br />

mercante nacional se mede por um tal abuso. Ele representa uma das consequências típicas<br />

da estatização da cabotagem, acarretando o crescimento constante da frota de caminhões.<br />

Como o transporte rodoviário pertence à iniciativa privada, 70% da carga pesada — ao<br />

contrário do que ocorre nos EUA e na URSS — utiliza esse meio ao invés de aproveitar a<br />

cabotagem ou a ferrovia, sistemas reconhecidamente mais baratos. Outra explicação para<br />

essa distorção econômica é o tremendo peso que constitui a exploração empreendida pela<br />

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