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O Dinossauro - Ordem Livre

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suas formas peculiares de tirania, de brutalidade, de estagnação econômica e de atraso<br />

cultural. No cenário internacional, de novo, apenas reflete a intelligentsia que se intitula de<br />

"esquerda" o obsoletismo de suas convicções filosóficas.<br />

Não podemos saber o que será o mundo do século XXI. Contudo, é lícito antecipar<br />

que as forças de transformação mais enérgicas da época contemporânea conduzem a um<br />

universo cosmopolita, mul-ti-racial, ecumênico, pluralista, de interdependência cultural,<br />

integração política democrática e economia de mercado dominada pelas grandes<br />

corporações multinacionais. A ideologia do Estado-nação soberano deve ser superada. Tudo<br />

indica que o modelo de desenvolvimento experimentado na área do Atlântico Norte (com<br />

uma sucursal no Extremo-Oriente) é o modelo do futuro — precisamente porque é o<br />

modelo mais liberal, mais polêmico, mais dinâmico, mais imprevisível, mais contraditório.<br />

Diante da "sociedade exemplar" ocidental, o Terceiro-Mundo é o resquício folclórico do<br />

passado autoritário pré-moderno, a imagem pré-histórica da Idade da Pedra, o último vagão<br />

de carga de um trem da história cuja locomotiva trafega em algum lugar entre Milão e<br />

Londres, entre Nova York e Los Angeles, entre Tóquio e Singapura. O homem do século<br />

XXI mais se parecerá com um pedestre da Fifth Avenue, dos Champs Élysées ou da<br />

Avenida Paulista, do que com um caçador de cabeças da Nova Guiné ou um cacique de<br />

xavantes do Mato Grosso. O atual Terceiro Mundo fornecerá quiçá os elementos<br />

imaginativos, estéticos, emocionais e religiosos que serão elaborados no século XXI, mas a<br />

elaboração se processará no Primeiro Mundo!<br />

É interessante destacar os sintomas da nostalgia folclórica dos que resistem ao<br />

"choque do futuro" — as fantasias do complexo de retorno ao ventre materno daqueles<br />

mesmos que se consideram os machistas do "progressivismo". Com a energia do desespero<br />

na mitologia romântica do Bom Selvagem procuram os motivos para suas elucubrações<br />

saudosistas. Detrás da crítica à cultura moderna, naquilo mesmo que ela obedece à Filosofia<br />

Perene do Ocidente, está o desejo de fazer tabula rasa. Mas representa essa revolução em<br />

última análise, pela própria força das chamadas "leis dialéticas", um retorno ao passado,<br />

uma revolução a uma ordem petrificada, arcaica e cristalizada. A única revolução válida é<br />

aquela que, pela reforma dos costumes, institucionaliza a liberdade dentro da ordem. Novus<br />

Ordo Saeclorum... O verdadeiro revolucionário é aquele que, obediente às lições do<br />

passado transmitidas na áurea catena da Filosofia Perene, se sustenta em sua autonomia<br />

moral e em sua responsabilidade racional. O progresso se dirige, como queria Weber, no<br />

sentido da racionalização do comportamento, mas também da introjeção do imperativo<br />

ético. A lei impressa na pedra passa a ser gravada no coração.<br />

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