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O Dinossauro - Ordem Livre

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de ultramar que lhes ofereciam uma forma de vida mais civilizada, converteram-se a um<br />

deus mais humano, mais sábio e pedagógico, identificado a Quetzalcoatl. Talvez o mesma<br />

venha novamente a ocorrer, em termos modernos...<br />

* * *<br />

Em artigo publicado no Jornal do Brasil a 15 de agosto de 1986, o ilustre<br />

jornalista Juarez Bahia desanca, sob o título "A lógica passional", o "diplomata" americano<br />

Lawrence Harrison que, em entrevista na Veja, teria manifestado opiniões "deterministas"<br />

sobre a inferioridade dos povos ibéricos. Harrison é acusado de racismo. É mesmo<br />

comparado a Gobineau e se lhe atribuem opiniões antissemitas e caluniosas contra as<br />

nações da América Latina.<br />

Li o Livro de Lawrence Harrison que se intitula Underdevelopment is a State of<br />

Mind, publicado em Harvard em 1985. E com ele discuti o tema, em Washington. Não<br />

encontrei em suas opiniões nenhum dos condenáveis preconceitos racistas alegados. Pelo<br />

contrário. A posição francamente culturalista do autor contradiz de modo radical a alegação<br />

do jornalista brasileiro de que "Harrison elege o determinismo cultural como síntese dás<br />

objeções raciais e climáticas" levantadas contra a América Latina. Ora, não existe tal coisa,<br />

chamada "determinismo cultural", de base racista e climática. O culturalismo, como aliás<br />

bem argumenta o autor americano, pressupõe um "estado de espírito", uma situação mental,<br />

uma realidade psicológica, uma decisão subjetiva na liberdade e na indeterminação, infensa<br />

a qualquer espécie de materialismo geográfico, racial ou histórico. Obviamente, muita gente<br />

boa sente dificuldade em compreender o arrazoado de Lawrence Harrison — o qual,<br />

acrescente-se, não é um "diplomata americano" mas um scholar que serviu, de 1962 a 1981,<br />

na Agência Internacional pelo Desenvolvimento (AID) na América Central.<br />

Harrison, em sua pesquisa, segue um método comparativo bastante eficaz porque<br />

baseado na experiência direta dos povos examinados. Assim, por exemplo, traça um<br />

paralelo entre a Nicarágua e a Costa Rica. Explica os motivos históricos presumíveis do<br />

contraste entre a primeira dessas nações — trágica e permanentemente afetada pela<br />

violência, a guerra civil, a anarquia e a ditadura — e a segunda, um dos melhores modelos<br />

de democracia na América.<br />

Na comparação entre Haiti e Barbados, Harrison salienta as semelhanças no clima,<br />

na formação étnica, na produção econômica e na origem escravagista das duas ilhas do<br />

Caribe. Como explicar então o destino tão flagrantemente contrastante de Haiti e Barbados,<br />

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