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O Dinossauro - Ordem Livre

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em torno da explosão demográfica, e sobre o remédio inicial que é o planejamento familiar<br />

e paternidade responsável? Aliás, nada indica que tudo isso já não tenha sido tentado desde<br />

três décadas, em que pesem os dados estatísticos abundantes e abominavelmente<br />

tendenciosos apresentados por Wanderley Guilherme dos Santos.<br />

Devo acentuar que acredito na intensidade do fenômeno de concentração de renda<br />

— mas num sentido muito especial. E de qualquer forma, considero uma utopia<br />

extravagante e perversa a "conclusão" de Jaguaribe de que "a busca da igualdade social<br />

atravessa toda a História, sulcando-a como o eixo central de sua evolução: igualdade<br />

política de início, igualdade econômica em seguida, igualdade mundial agora". Que<br />

igualdade existe ou pode existir entre o eminente e culto professor Jaguaribe e o<br />

molequinho analfabeto que lhe guarda o automóvel de luxo, quando vai tomar seu whisky<br />

no Country Club? Que igualdade entre o Brasil e a república do Burundi? Ou entre um<br />

sueco e um hotentote da Namíbia? Só duas igualdades são respeitáveis porque só elas são<br />

compatíveis com a liberdade: a igualdade perante a lei e a igualdade de oportunidades. O<br />

artifício da igualdade econômica é uma concepção socialista que se opõe ao espírito elitista<br />

da própria democracia liberal, conforme já havia sido intuído por Tocqueville há 150 anos.<br />

E a revolução russa, citada admirativamente pelo industrial Jaguaribe como "ponto eruptivo<br />

desencadeante" da segunda etapa, não trouxe, tampouco essa igualdade. Acarretou, isso<br />

sim, o domínio tirânico da elite burocrática privilegiada, a Nomenklatura, sobre massas<br />

oprimidas e pauperizadas pelo subemprego, no maior império da história da humanidade.<br />

Não! O eixo central da história contemporânea não gira tanto em torno do problema da<br />

igualdade quanto do problema da liberdade — o que implica a superação do socialestatismo<br />

que viceja, precisamente, na sociedade de massas idealizada pelo ilustre pensador<br />

patrício, conselheiro do presidente Sarney na maranhosa conjuntura maranhense em que<br />

vive o país.<br />

É curioso e significativo que os cincos preclaros intelectuais não se tenham<br />

referido uma só vez, em todas as 485 páginas de sua obra, ao que constitui, isso sim, uma<br />

das questões cruciais da nacionalidade: a questão do excessivo poder do <strong>Dinossauro</strong> estatal.<br />

Falar em sociedade de massas quando ainda sofremos de atraso na evolução da autoridade<br />

patrimonialista, personalista, empreguista e clientelista é pelo menos prematuro. Depois de<br />

haver desempenhado um papel importante e provavelmente inevitável na construção da<br />

infraestrutura econômica do país (energia, transportes, comunicações, mineração), revela<br />

hoje o Estado sinais evidentes de patologia monstruosa. Falam em "concentração de renda".<br />

Concentração de renda ocorreu, obviamente, em proveito do Estado, de seus empregados e<br />

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