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O Dinossauro - Ordem Livre

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intermédio da ciência, começa a se apossar da inteligência humana. De um certo modo,<br />

pensa Nicolson, corresponderia a um progresso do senso estético para além dos cânones em<br />

vigor desde a época helenística. Nicolson lembra os conselhos clássicos de Estilo. Podemos<br />

aqui recordar Voltaire e citar Boileau. Em L'Art Poétique, Boileau havia aconselhado a<br />

seguir fielmente as regras draconianas do estilo. O conselho dos racionalistas não era no<br />

sentido da liberdade e da expressão emocional irrestrita, mas no sentido da disciplina, da<br />

censura e do equilíbrio. Boileau pontificava:<br />

Faltes choix d'un censeur solide et salutaire,<br />

Que la raison conduise et le savoir éclaire.<br />

O Romantismo, ao contrário, acarreta o rompimento dos controles e censuras da<br />

Razão, o levante contra o que seria o "recalque" dos psicanalistas. O romântico<br />

revolucionário não descobre o Mal em si mesmo, mas o projeta sobre os outros. Aceita suas<br />

paixões como divinas e se recusa a arcar com a pesada carga da introversão ética. Ele quer<br />

"derrubar as estruturas" e a tradição, porque são as estruturas da Lei e do Superego<br />

patriarcal. Freud descobriu muito bem o Complexo de Édipo como fórmula original do<br />

romantismo mas, na realidade, foi Jung quem apontou para o Complexo materno não<br />

resolvido, tendente inconscientemente para o incesto com a Mãe. A mãe devoradora e<br />

castradora. O romântico é um puer aeternus, um eterno adolescente, e na educação<br />

permissiva inspirada por Dewey, Dr. Spock e a psicanálise encontramos o resultado mais<br />

refinado e triunfante desse psicologismo mórbido cujos sintomas poderiam ser congregados<br />

na expressão "síndrome do romantismo".<br />

Nunca tanto se falou em Le Sentiment quanto durante a Idade da Razão. As<br />

grandes damas, os aristocratas, os reis, os pensadores orgulhavam-se da intensidade de suas<br />

paixões, da finura de sua sensibilidade, da beleza de suas virtudes, das agruras de seus<br />

amores. Os impulsos que o Cristianismo austero havia tentado conter pelo medo do castigo<br />

eterno, expandiam-se agora livremente sob o pretexto de que o homem era "bom". A frieza<br />

de uma consciência controlada solidificou-se apenas, como norma de comportamento, entre<br />

os puritanos dos países calvinistas e os pietistas dos países luteranos enquanto, nas elites<br />

francesas e alemãs, o Romantismo em seus primórdios se apresentou como uma<br />

maravilhosa libertação — que se traduziu em torrentes de lágrimas no evangelho de<br />

Rousseau.<br />

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