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O Dinossauro - Ordem Livre

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do líder no sentido de manter sua autoridade, diante das traições e infidelidades de seus<br />

comandados; o desaparecimento final do herói, quando já contempla a Terra Prometida de<br />

seus anseios; finalmente, a esperança de seu retorno como Messias. O mito mosaico<br />

completar-se-ia com o mito Jacobita. Esse segundo paradigma, secularizado no mito dos<br />

intelectuais, repetiria a história de Jacó (Israel) e a de José, seu filho. Nesse caso, o filho<br />

mais moço, mais inteligente, é perseguido por seus irmãos, enfrenta com sucesso provas das<br />

mais difíceis, mas acaba triunfando ao inaugurar a soberania absoluta dos intelectuais no<br />

Estado leviatânico.<br />

Desde então, acentua Feuer, a ideologia consistiria na repetição invariável do mito,<br />

escrito na linguagem da filosofia e da ciência, mas sempre com um conteúdo dramático.<br />

Sentencia nosso autor: "Quando as ideias são usadas como armas na guerra psicológica,<br />

elas são finalmente avaliadas por seu poder de fogo e não por sua veracidade". A ideologia<br />

se transforma numa pseudo-religião e o intelectual se arvora em líder carismático da<br />

revolução mundial, como foi o caso de George Lukacz, o neomarxista e estalinista húngaro<br />

que confessava sua "paixão intelectual pelo messianismo revolucionário". Muito embora<br />

haja participado da revolta húngara de 1956, Lukacz declarou em 1967, no fim da vida, que,<br />

"mesmo que todas as profecias e predições marxistas fossem desacreditadas pela realidade<br />

empírica, ele ainda continuaria a manter sua fé na verdade do marxismo". A idade<br />

obviamente não o corrigiu...<br />

Lembremos o ditado popular segundo o qual o homem que não é um<br />

revolucionário romântico na juventude não tem coração; e o homem que não é um<br />

conservador empedernido na madureza não tem cabeça. Segundo esse apotegma,<br />

estaríamos fadados a mudar de posição com o correr dos anos, mas a regra nem sempre é<br />

confirmada. Na nossa época conhecemos muitos exemplos de intelectuais revolucionários<br />

(o caso de Lukacz, Marcuse e Reich por exemplo) que se tornaram populares e influentes<br />

quando já septuagenários decrépitos. Por outro lado, temos o caso de intelectuais que,<br />

jovens na década dos trinta e marxistas, se arrependeram na idade madura, após a<br />

experiência traumática das guerras mundiais, e repudiaram "o deus que falhou". É o caso de<br />

Eduardo Bernstein, Benedetto Croce, Gide, Camus, Max Eastman, Arthur Koestler e<br />

Ignazio Silone. Outro caso mais recente é o dos "novos filósofos" franceses. Camus,<br />

Koestler, Malraux e Orwell perderam uma popularidade barata quando abandonaram suas<br />

ilusões esquerdistas para criticar o ópio dos intelectuais.<br />

Possuindo uma sensibilidade extraordinária para os acontecimentos políticos e<br />

sociais à sua volta, também antecipou Heine, com admirável clarividência, os estragos que<br />

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