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O Dinossauro - Ordem Livre

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a conotação que trabalho é coisa para negro escravo. É um preconceito que certamente<br />

ainda vigora na maior parte do Brasil ao norte do trópico de Capricórnio. Weber dizia:<br />

"Aristocrata em sentido sociológico é o homem que, devido à sua posição econômica,<br />

dispõe de tempo para dedicar-se à política, podendo viver consagrado a ela sem ter que<br />

viver dela, isto é, um rentista". Na formação de nossa ética econômica e no crescimento do<br />

social-estatismo em nossa terra devemos, portanto, levar em consideração que, como<br />

assinala Oliveira Vianna (p. 70, op. cit.): "Ainda hoje o serviço do Estado, expresso no<br />

emprego público, nas altas posições eletivas e nas grandes magistraturas, tornou-se título<br />

mais genuíno de merecimento, do prestígio e da nobilitação dos indivíduos nas sociedades<br />

da nossa civilização".<br />

Oliveira Vianna termina sua obra anotando os tabus contra as atividades<br />

artesanais, comerciais e industriais que teimosamente persistem nas sociedades précapitalistas<br />

como a nossa. Seu estudo confirma, às avessas, as teses de Weber sobre os<br />

efeitos da ética protestante sobre o espírito produtivo do capitalismo — ética precisamente<br />

de que ainda estamos à míngua.<br />

* * *<br />

Cabe aqui uma breve referência ao fenômeno do Patrimonialismo na Rússia.<br />

Muitos na verdade foram os observadores que destacaram o caráter "patrimonialista" da<br />

estrutura social russa, onde a propriedade privada jamais se desenvolveu de modo<br />

acentuado, salvo talvez em alguns poucos anos que precederam a primeira guerra mundial e<br />

a revolução bolchevique. Afinal de contas, a própria noção de Marx sobre a existência de<br />

um "despotismo oriental" como modo de produção que se distingue da transição clássica do<br />

modo "antigo", escravocrata, para o feudalismo, e do feudalismo para o capitalismo,<br />

implica a tese de que aos domínios do Tzar não se aplica o marxismo. Richard Pipes<br />

estudou profundamente a formação do Estado patrimonialista despótico em sua obra Russia<br />

under the Old Regime. Pipes mostra como a estrutura feudal, imposta sobre as planícies<br />

russas pelos Varegas escandinavos, no período dito de Kiev (século XI) — e que se<br />

assemelha, guardadas as proporções, aos grandes empreendimentos mercantilistas da<br />

Europa dos séculos XVII e XVIII (como, por exemplo, as companhias das índias Orientais<br />

e a companhia da Hudson Bay) — se transformou, depois das invasões dos Tártaros e do<br />

crescimento do Grão-Principado de Moscou, numa estrutura de caráter distintamente<br />

patrimonialista. Ele se aprofunda no exame do gênero de Estado patrimonialista nos séculos<br />

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