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O Dinossauro - Ordem Livre

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individual. Numa sociedade aberta ideal, deve haver igualdade de oportunidades iniciais<br />

para o jogo estimulante da iniciativa privada em que se destaque o mérito. A liberdade de<br />

cada um é inteira, nos limites estritos, morais e legais, em que essa liberdade de cada um<br />

não comprometa a liberdade do outro. Na organização democrática, não mais imperam os<br />

determinismos afetivos e concretos das relações pessoais privilegiadas e arbitrárias de<br />

clientela, mas a obrigação lógica, matemática e abstrata da lei, igual para todos. O<br />

florescimento das elites intelectuais, empresariais e burocráticas num regime de livre<br />

concorrência não está, pois, em conflito com a estrutura política e econômica do Estado<br />

democrático moderno. Podemos acentuar que a concepção de uma competição política em<br />

que surgem elites governantes, com a igualdade de oportunidades e isonomia, pode ser<br />

apresentada como corolário da teoria econômica, de origem anglo-saxônica, que comporta o<br />

laissez-faire capitalista e a iniciativa privada, numa economia de mercado sujeita à lei da<br />

oferta e da procura. Schumpeter tinha plena consciência disso: "Essa noção [de luta<br />

competitiva pela liderança política] apresenta dificuldades semelhantes às da competição na<br />

esfera econômica." A teoria das elites é, essencialmente, um refinamento do laissez-faire da<br />

doutrina do individualismo econômico, com sua ênfase na competição e no avançar por si.<br />

Quero acentuar, en passant, que os marxistas não conseguem contradizer esse<br />

ponto de vista. Os marxistas-leninistas, o que quer dizer, aqueles que seguem as várias<br />

correntes socialistas e comunistas da atualidade, taxativamente reconhecem que a igualdade<br />

econômica só pode ser alcançada graças à liderança que, sobre as massas proletárias, deve<br />

ser exercida por uma pequena elite de agitadores profissionais e dirigentes políticos,<br />

fortemente organizados num partido único ditatorial. Chama-se a este a Vanguarda do<br />

Proletariado. Na prática, isso conduz à supressão da liberdade, à imposição de regimes<br />

totalitários e à acaparação do poder por quadros de burocratas tirânicos, a famosa<br />

Nomenklatura dos países da Europa oriental: na URSS, uma classe composta de três<br />

milhões de pessoas. Na falta de um partido comunista de agitadores e administradores<br />

profissionais, a maneira populista mais comum de combater o suposto elitismo se registra<br />

nos países subdesenvolvidos — e constitui o recurso à liderança carismática de caudilhos,<br />

chefões e ditadores militares que proliferam em todo o Terceiro Mundo como cogumelos<br />

em clima úmido. Mesmo estes, porém, não prescindem de uma pseudoelite, uma vanguarda<br />

de sicofantas que lhes sirva de instrumento para o governo. Vemos, por exemplo, mesmo<br />

em alguns países comunistas como a Romênia, a Albânia e a Coreia do Norte, que essa<br />

forma de autoridade, supostamente de transição para um regime racional-legal, conduz na<br />

realidade a um retorno a uma autoridade do tipo tradicional mais arbitrário e opressivo: na<br />

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