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O Dinossauro - Ordem Livre

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pouco generosa pelo dinossauro socialisticamente enfadado.<br />

A incoerência e irracionalidade da reação de nacionalismo uterino não poderia ser<br />

mais flagrante. Só comparável, de fato, à resistência cega, obstinada, irracional, incoerente,<br />

imbecil ao remédio mais evidente e mais imediato para o problema da maternidade<br />

indesejada: o controle da natalidade!<br />

* * *<br />

Mas, por falar em serviços públicos. A desorganização é talvez um dos nossos<br />

traços nacionais mais característicos — e daqueles que mais impressionam os estrangeiros.<br />

Possuímos em nossa linguagem popular uma palavra típica, intraduzível: bagunça.<br />

Notemos de início que a aviação e o tráfego rodoviário não padecem dos mesmos males que<br />

afetam as estradas de ferro, a marinha mercante e os sistemas de comunicação. Por quê?<br />

Porque nesses meios de transporte maior latitude foi deixada à iniciativa privada, havendo<br />

menos necessidade de organização coletiva. A concorrência elimina os incompetentes,<br />

como foi o caso da Panair. Mas logo que começam a crescer as companhias de aviação, já<br />

se notam os sinais de burocratização, como se se tornassem, insensivelmente, repartições<br />

públicas ineficientes.<br />

Possui o Brasil duas metrópoles gigantes, o Rio e São Paulo. Antes do fim do<br />

século estarão entre as maiores do mundo, podendo São Paulo ultrapassar os trinta milhões<br />

de habitantes. Notabilizam-se essas cidades, não obstante os sinceros esforços de alguns<br />

entre os mais notáveis prefeitos e governadores (Pereira Passos, Carlos Lacerda, Faria<br />

Lima), pelo funcionamento permanentemente caótico de seus serviços públicos. Outrora,<br />

cantarolava-se<br />

Rio de Janeiro<br />

Cidade que nos seduz:<br />

De dia falta água,<br />

De noite falta luz.<br />

Quando é resolvido o problema da eletricidade, surge o dos telefones. Facilita-se o<br />

tráfego, cavam-se buracos. Tapam-se estes, escorregam as montanhas, caem os elevados.<br />

Abre-se um túnel, "obra do século", para trazer água, e logo desmorona seu interior,<br />

entupindo o fornecimento. Vazam-se irregularmente os encanamentos. Constroem-se vias<br />

expressas, viadutos, trevos, numa demonstração de excepcional talento urbanístico. É então<br />

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