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O Dinossauro - Ordem Livre

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mais raramente do que seria justificado por seu poder real na União, conseguiram os<br />

paulistas serem "donos do poder". De qualquer forma, conclui o professor americano que<br />

no Brasil o conceito de Estado se manifesta pelo predomínio do poder público sobre o<br />

privado. "Desde os tempos mais antigos da colonização e do estabelecimento na terra, o<br />

Estado interveio em todas as esferas da atividade societal. O Estado assumiu a<br />

responsabilidade primária do desenvolvimento econômico e social, desenvolvimento que<br />

frequentemente é deixado à iniciativa do setor privado em outras sociedades. O Estado<br />

brasileiro foi um estado intervencionista, um Estado paternalista, um Estado autoritário.<br />

Não procurou repetir o modelo ocidental liberal e democrático, embora as instituições desse<br />

modelo tenham sido mais tarde implantadas no Brasil, proporcionando um sentimento de<br />

mudança confuso e enganador." O mestre de Georgetown tende a salientar o contraste entre<br />

o tipo de desenvolvimento encabeçado pelo Estado que caracterizou nossa história desde o<br />

Descobrimento, e o tipo individualizado pela livre iniciativa que explica o sucesso<br />

extraordinariamente mais notável da colonização anglo-saxônica na América do Norte,<br />

Estados Unidos e Canadá.<br />

* * *<br />

Pelas Edições GRD foi publicado, em 1986, um livrinho sob o título A Teoria da<br />

Coisa Nossa. Nele, reuniu Oliveiros S. Ferreira o depoimento que prestou no Congresso<br />

sobre o chamado "caso das polonetas", além de outros dois ensaios, "A visão do pública<br />

como negócio particular" e "O Estado, a oligarquia e o sistema". Nas 70 páginas que<br />

compõem o volume, o professor Oliveiros Ferreira, tão intimamente associado ao jornal O<br />

Estado de S. Paulo, aborda o problema que, repito, deveria estar no centro de nossas atuais<br />

preocupações políticas, a saber, o do sistema ou organização de solidariedade que, mais<br />

propriamente, deveríamos denominar Cosa Nostra, para lhe salientar o caráter mafioso. A<br />

"Coisa Nossa" é o mecanismo de interesses da classe dominante estatal que liga "o Público<br />

e o Privado em teia tão intrincada de interesses, vantagens, proveitos e ganhos, que outro<br />

nome não se lhe pode dar". É uma estrutura que firmemente se consolidou no decorrer dos<br />

últimos anos da vida pública brasileira mas que, conforme não deixa de salientar o autor, já<br />

possui acentuada presença desde os primórdios de nossa história. Oliveiros Ferreira,<br />

sabiamente não restringe o domínio da oligarquia estatal ao período que se iniciou em 1964,<br />

nem mesmo ao período mais largo que nasceu em 1930. Na verdade, naquela época,<br />

surgiam tanto à direita quanto à esquerda ideologias autoritárias estatizantes que se<br />

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