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O Dinossauro - Ordem Livre

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mais afetiva e em certo sentido egoísta, narcisista, machista e implica o sentimento<br />

tradicional de que o cavalheiro não pode sujar as mãos no trabalho manual, mas apenas usálas<br />

para as armas, o ideal do gentleman sugere uma ética ou uma política de consideração<br />

para com o outro. É nesse sentido que reflete em termos modernos, seculares, um<br />

humanismo que é estoico e profundamente cristão. Como modelo da educação do perfeito<br />

cavalheiro, numa paideia aristocrática cuja origem se poderia talvez encontrar em Platão, o<br />

paradigma do gentleman é tal que tem aplicação universal quando por toda parte, na<br />

política, na economia, na cultura, nos sentimos cercados de rinocerontes...<br />

* * *<br />

A última palavra cabe mesmo a Edmund Burke. O grande parlamentar e teórico<br />

político, irlandês de nascimento, inglês de adoção, inimigo figadal do jacobismo romântico,<br />

ao mesmo tempo líder do Partido Liberal (whig) e pensador conservador, Burke<br />

manifestou-se a favor da independência das Treze Colônias que se revoltaram para formar<br />

os Estados Unidos da América, assim como lutou denodadamente no Parlamento em favor<br />

da autonomia da Irlanda. Do mesmo modo, levantou-se com violência contra os abusos que<br />

eram cometidos por alguns dos colonizadores imperialistas da Índia, tendo especialmente<br />

denunciado Warren Hastings, que fora governador geral da colônia, por abusos e corrupção,<br />

conseguindo submetê-lo a julgamento. Estas as palavras de Burke numa carta a um membro<br />

da Assembleia Nacional, em 1971, em plena Revolução Francesa que ele condenou com o<br />

maior ardor: "Os homens estão preparados para a liberdade civil na proporção exata de sua<br />

disposição a controlar seus próprios apetites com cadeias morais; na proporção em que sua<br />

sobriedade e equilíbrio de julgamento encontram-se acima de sua vaidade e presunção; na<br />

proporção em que estiverem mais dispostos a ouvir os conselhos dos sábios e dos bons, de<br />

preferência à lisonja dos velhacos. A sociedade só pode existir se um poder de controle<br />

sobre a vontade e os apetites for colocado em algum lugar; e quanto menos houver desse<br />

poder dentro de nós, tanto mais haverá fora de nós. Pois está ordenado na eterna<br />

constituição das coisas que os homens de mente destemperada não podem ser livres. Suas<br />

paixões forjam suas próprias algemas".<br />

A solução preliminar a que podemos humildemente chegar no final desta obra,<br />

como resposta às graves questões que foram levantadas, é a seguinte: na concepção liberal<br />

não cabe ao Estado impor a moral social. Isso porque a moral social deve ser ensinada no<br />

seio da família, na escola e no próprio ambiente social. O produto dessa Paideia é o<br />

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