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3 Alimentação,<br />

regionalidade<br />

e cultura no Brasil<br />

Alimentos Regionais Brasileiros<br />

3.1 Introdução<br />

“Comer, elemento básico da vida humana, é uma atividade<br />

complexa. Não só envolve processos bioquímicos naturais, como é<br />

um fenômeno cultural.” (TEUTEBERG, 2009)<br />

Na sociedade brasileira, há distintos modos de conceber a alimentação e a comida. Para<br />

uma melhor compreensão desses aspectos, é preciso considerar diferentes elementos, tais como<br />

o acesso, a produção, o abastecimento/comercialização e o consumo de alimentos, que permitem<br />

refletir sobre o ser humano-natureza, no processo de escolha alimentar. Diferentemente dos outros<br />

animais, o ser humano confronta diversos fatores culturais, sociais, econômicos, religiosos, psíquicos<br />

e históricos, para conceber sua comida (TEUTEBERG, 2009).<br />

Lévi-Strauss (2006), ao estudar a alimentação humana, observou que natureza e cultura<br />

são mediadas pela cozinha, em que cru e cozido, mundo animal e vegetal, comestível ou não,<br />

são concepções originárias de uma construção binária, para interpretações de mitos do comer,<br />

e ajudam a decifrar um sistema de relações sobre o bem e o mal na alimentação. Nesse sentido,<br />

comer é um idioma, uma mensagem entre os seres humanos e pode revelar saúde, bem-estar ou<br />

doença.<br />

Em geral, o ser humano inicia o processo de escolha alimentar em função do que está<br />

disponível na natureza. Situação que tem íntima relação com as condições do clima, do solo e<br />

da ocupação de território de determinada região geográfica. Os limites impostos pelo ambiente<br />

natural produzem dificuldades na alimentação humana. Entretanto, vale destacar que muitas<br />

limitações, ao longo do tempo, estão sendo modificadas para superar o flagelo da fome crônica.<br />

O medo da fome coletiva, em qualquer sociedade, é precursor de várias estratégias para aumentar<br />

a produção de alimentos, seja in natura, seja industrializados (FISCHLER, 1988). Na realidade, as<br />

estratégias de sobrevivência podem ser concebidas por dois modos de entendimento: o ser humano<br />

integrado à natureza ou dominado por ela.<br />

Diferentemente de outros animais, o ser humano produz sua práxis com a organização<br />

social e, consequentemente, com o desenvolvimento de forças produtivas, mediante o acesso<br />

aos instrumentos de trabalho, a técnica, a experiência e os valores culturais. Nesse aspecto, os<br />

indivíduos podem redefinir a qualidade, a distribuição e o acesso à alimentação passando a assumir<br />

um caráter social, em um sistema a ser continuamente transformado por homens e mulheres, para<br />

lhes garantir sua sobrevivência (HARRIS, 1982).<br />

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