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Número 13 / 14 - uea - pós graduação

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proibido ou restrito fazendo com que as populações nativas prefiram cortá-lase vendê-las para serrarias clandestinas, do que usá-las na construção de suasmoradias que são erguidas com madeiras de qualidade inferior. Entre as espéciesutilizadas na construção de residências figura a paxiúba (Socratea exorrhiza)uma palmeira de alta durabilidade cujo tronco cilíndrico não permite qualquerregularidade, seja no assoalho, seja no fechamento das frestas, o que torna a casado caboclo um abrigo com elevada durabilidade, mas sem conforto e proteçãoadequada contra insetos vetores de doenças e morcegos hematófagos.É incontestável que o acesso e uso adequados da biodiversidadeamazônica dependem de ciência, tecnologia e inovação os únicos mecanismosviabilizadores da fabricação e comercialização de bioprodutos com alto valoragregado, retirando da biodiversidade amazônica a inaceitável condição de ser,para o caboclo, uma autêntica bioadversidade.Não é exagero afirmar que os povos da floresta vivem hoje, neste iniciodo século 21, em situação similar à dos árabes antes da revolução industrial.Aqueles povos tinham condições de vida muito precária embora morassem sobreimensas jazidas de um recurso natural mineral que tinha pouca ou nenhumautilidade. Com a descoberta do craq<strong>uea</strong>mento do petróleo pela ciência e odesenvolvimento do motor de explosão pela tecnologia, aquele recurso passoua ser o mais importante propulsor da economia mundial e os árabes alcançaramelevados níveis de riqueza. Na Amazônia de hoje a situação é similar porqueseus habitantes vivem rodeados por um enorme acervo de recursos naturaisde pouca ou nenhuma utilidade, simplesmente por faltar ciência, tecnologia einovação que permitam o seu aproveitamento e sua transformação em riquezae bem estar.Essa comparação insere, obrigatoriamente, a problemática relacionadaao conhecimento tradicional associado ao patrimônio natural e configura umenorme e sólido argumento a favor da formatação de um Projeto de Estadopara a Amazônia, balizado e sinalizado pela interdisciplinaridade, com suarede radicular enterrada no conhecimento científico e sua copa espalhada pelopatrimônio cultural.Um projeto com essas características, no entanto, como adverte (Leff,2001) precisa decodificar os saberes das culturas tradicionais não permitindo,entretanto, que isso signifique uma apropriação capitalista da riqueza genética.A elaboração de um Projeto de Estado para a Amazônia também deve incluirmecanismos nacionais e internacionais que proíbam o patenteamento debioprodutos que não tenham sua origem perfeitamente transparente, evitandoassim que o setor industrial e mercantil se apodere tanto dos saberes sobre a vidacomo daqueles incorporados à vida.170 Hiléia - Revista do Direito Ambiental da Amazônia n 0 <strong>13</strong> |Jul - Dez| 2009 n 0 <strong>14</strong> |Jan - Jun| 2010livro hileia<strong>13</strong>,<strong>14</strong>.indd 170 12/4/2011 17:33:<strong>14</strong>

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