13.07.2015 Views

Número 13 / 14 - uea - pós graduação

Número 13 / 14 - uea - pós graduação

Número 13 / 14 - uea - pós graduação

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

medida o aspecto das relações de mercado, prevalecendo a lógica da“troca de equivalentes” (ROPPO, 1988, 15).Procura-se excluir do objeto contratual, situações que escapam àpatrimonialidade. Gestação por outrem, doação de órgãos, informaçãogenética compõem o “vivant”, que ingressa no mercado pela via do “don”.Trata-se de uma relação entre doador e receptor que não dá lugar, a rigor,à conclusão de um “contrato específico”, inscrevendo-se nos quadros deum clássico contrato médico (BELLIVIER e NOIVILLE, 2006, <strong>14</strong>2-<strong>14</strong>3). Tais convenções não são formalizadas por um contrato, consistemem formulários de autorização: é o consentimento informado.Na esteira do “don”, os atos de disposição do próprio corpo, entrenós, submetem-se ao princípio constitucional da gratuidade. 5 O artigo199, §4º, da C.F., veda qualquer tipo de comercialização de materialorgânico humano. Segundo GEDIEL, o direito brasileiro alinha-se natradição jurídica ocidental que “admite a autonomia corporal do sujeito,mas veda as contrapartidas econômicas” (2000, 151). E “os atos dedisposição corporal que não se revistam da gratuidade são nulos de plenodireito, por envolver objeto ilícito” (GEDIEL, 2000, 154).A “contratação” de útero alheio, concebida mediante remuneraçãopelo direito norte-americano, contrapõe-se ao princípio da gratuidade,emoldurado pelo direito brasileiro. De tal modo, que a doutrina nãohesita em afirmar a ilicitude de seu objeto, o que lhe rende nulidade,e a impropriedade dos tipos contratuais disponíveis na ordem jurídicanacional para regular tal convenção:Ao se qualificar o acordo de gestação em útero alheio comouma locação de serviços, estar-se-ia reconhecendo à gestanteo dever de executar uma atividade, que seria a prestaçãode seu ventre (ou, em sentido amplo, de todo o seuorganismo, pois in toto se envolveria na gestação). Indubitavelmente,o negócio jurídico estaria eivado de nulidade,posto que teria por objeto a pessoa da gestante e, logica-5Cogita-se de uma “doação” de órgãos para reforçar a gratuidade, sem, contudo, ater-seao caráter contratual que o termo encerra. Prefere-se a categoria de negócio jurídico,desconhecida do direito francês, e formulada pela pandectística alemã, para acomodaras relações existenciais, travadas sob a égide do “don”.Hiléia - Revista do Direito Ambiental da Amazônia n 0 <strong>13</strong> |Jul - Dez| 2009 n 0 <strong>14</strong> |Jan - Jun| 2010 65livro hileia<strong>13</strong>,<strong>14</strong>.indd 65 12/4/2011 17:33:07

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!