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Número 13 / 14 - uea - pós graduação

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A FAO, ao analisar as principais razões que levam à predominância dossistemas locais de sementes nos países latino-americanos e caribenhos, concluique: - o sistema formal frequentemente não produz sementes de variedadeslocais, importantes para os agricultores, porque essas não são rentáveis, doponto de vista comercial; - a maior parte das variedades melhoradas, produzidapelo sistema formal, se destina a agricultores comerciais estabelecidos em áreasfavorecidas por chuvas frequentes, irrigação e fácil acesso a insumos externos,e não aos agricultores pobres que vivem em áreas marginais ou mais remotas.Por tais razões a FAO, embora recomende certo nível de privatização no setorde sementes, alerta os países latino-americanos da necessidade de proteçãodos interesses dos pequenos agricultores, especialmente aqueles que vivem emregiões marginais, pois as suas culturas de subsistência dificilmente despertarãoo interesse de empresas privadas. A FAO destaca ainda que nos sistemaslocais os agricultores compartilham, trocam ou vendem, a preços baixos, assementes para outros agricultores, e as vantagens representadas pelo baixopreço, adaptabilidade e fácil acesso acabam compensando eventuais diferençasqualitativas em relação às sementes comerciais. A FAO considera que é por taisrazões, principalmente, que os sistemas locais continuam a prevalecer em todosos países latino-americanos e caribenhos, apesar de todos os investimentosno setor formal realizados nas últimas décadas por inúmeras instituiçõesmultilaterais.(FAO, 2000).As relações de confiança e reciprocidade são muito importantes nossistemas locais, e também ajudam a explicar a sua predominância em muitospaíses. Lone Badstue realizou um interessante estudo nos vales centrais deOaxaca, no México – um centro de diversidade genética do milho –, enfocandoa importância das relações sociais nos intercâmbios de sementes e o papelcentral que a confiança mútua desempenha nos sistemas tradicionais de acessoàs sementes. Muitos agricultores dos vales centrais de Oaxaca consideram queé muito mais arriscado comprar sementes em uma loja do que obtê-las em suacomunidade, onde as pessoas se conhecem e têm que arcar com as consequênciasse as sementes que doarem, trocarem ou venderem não forem de boa qualidade.O estudo mostra que os agricultores têm pouca confiança nos vendedores de lojasagropecuárias, porque sabem que, caso haja algum problema com as sementes,os vendedores lhes dirão que eles não semearam adequadamente ou que suasterras não foram devidamente irrigadas. Confiam mais em outros agricultores.(BADSTUE, 2007)Hiléia - Revista do Direito Ambiental da Amazônia n 0 <strong>13</strong> |Jul - Dez| 2009 n 0 <strong>14</strong> |Jan - Jun| 2010 95livro hileia<strong>13</strong>,<strong>14</strong>.indd 95 12/4/2011 17:33:09

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