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Número 13 / 14 - uea - pós graduação

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INTRODUÇÃOTradicionalmente difunde-se a idéia de que os povos indígenas viveme sempre conviveram em perfeita harmonia com a natureza, protegendo-acontra processos de extração e devastação indiscriminados, sendo comumentelembrados como “ecologistas natos” e, também por isso, merecendo o nossorespeito e votos de merecidos agradecimentos.Mas o tema encerra certo desconforto entre os especialistas da causaindígena quando, por exemplo, tem-se notícia de que os índios Tembé do Paráacabaram flagrados comercializando madeira cortada indiscriminadamentedo seu território 1 ou, de outro giro, quando se sabe que em pleno Estado deRoraima grande parte dos focos de incêndio são promovidos pelas diversasetnias indígenas, justamente em razão da prática ancestral de queimadas na matapara preparação da terra ao cultivo agrícola 2 .Diante dessa problemática, não se pode então perder de vista que a açãoantrópica incidente sobre a natureza deixa raízes com o surgimento do própriohomem no ambiente terrestre, ora com maior, ora com menor sacrifício dosrecursos naturais.Ademais, é do próprio funcionamento da natureza – onde o homem seencontra inserido e dentro da sua mais atualizada concepção, qual seja, de umalógica sistêmica – que os organismos vivos se relacionam entre si numa dinâmicaautofágica e de constante mutação, onde se vislumbram processos predatóriosque nem sempre se equilibram, uma vez que muitas espécies são extintas paraque outras sobrevivam ou mesmo venham a surgir dentro do mesmo bioma.Por terem se destacado dos outros animais pela sua inteligência eespetacular habilidade para se adaptarem aos vários ambientes terrestres, é1Divulgado no jornal “Folha de Boa Vista”, edição 5299, de 28 de dezembro de 2007,às fls. 3b e com o título “Funcionários da FUNAI denunciam ameaças de índios queextraíam madeira ilegalmente”.2Bruce Albert, falando dos seus pares, explica que “muitos antropólogos que trabalhamna Amazônia mostraram, ao longo da última década, um desconforto perante oalastramento da ideologia que representa as sociedades indígenas da Amazônia comopopulações em perfeita continuidade com seu meio ambiente e cujos membros,ecologistas espontâneos, devem ser preservados por serem detentores de saberesnaturais fora do comum”. “O ouro canibal e a queda do céu - uma crítica xamânticada economia política da natureza (Yanomami)”. Pacificando o branco: cosmologias docontato no norte-amazônico. ALBERT, B.; RAMOS, R. (orgs.). São Paulo: UNESP:Imprensa Oficial do Estado, 2002, p. 256.176 Hiléia - Revista do Direito Ambiental da Amazônia n 0 <strong>13</strong> |Jul - Dez| 2009 n 0 <strong>14</strong> |Jan - Jun| 2010livro hileia<strong>13</strong>,<strong>14</strong>.indd 176 12/4/2011 17:33:15

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