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Número 13 / 14 - uea - pós graduação

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amenas. Naquele ano, a Ucrânia sofreu um inverno extremamente rigoroso, quedevastou suas plantações e levou à perda de 20 milhões de toneladas de trigo, quecorrespondiam a 30% a 40% da lavoura. Conforme destacam Cary Fowler e PatMooney, em ambos os casos a culpa pelas perdas das lavouras de milho e trigo,nos Estados Unidos e na Ucrânia, não deve ser atribuída à praga que infestou asplantações de milho ou ao inverno rigoroso da Ucrânia, e sim à uniformidadegenética dos cultivos. As lavouras não teriam sido tão drasticamente devastadasse tivessem sido plantadas variedades diversas (FOWLER & MOONEY, 1990).A agrobiodiversidade é essencial à segurança alimentar e nutricional,que consiste na realização do direito de todos ao acesso regular e permanente aalimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso aoutras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotorasde saúde que respeitem a diversidade cultural e que sejam ambiental, cultural,econômica e socialmente sustentáveis. Esse é o conceito estabelecido pelo artigo3º da Lei nº 11.346, de 15 de setembro de 2006, que cria o Sistema Nacionalde Segurança Alimentar e Nutricional, a fim de assegurar o direito humano àalimentação.A agrobiodiversidade está não só associada à produção sustentável dealimentos, como tem também papel fundamental na promoção da qualidade dosalimentos. Uma alimentação diversificada – equilibrada em proteínas, vitaminas,minerais e outros nutrientes – é recomendada por nutricionistas e condiçãofundamental para uma boa saúde. Só os sistemas agrícolas agrobiodiversosfavorecem dietas mais nutritivas e equilibradas. Estão diretamente relacionadosa redução da diversidade agrícola e o empobrecimento das dietas alimentares.A erosão genética no campo afeta não só os agricultores como também osconsumidores.Os modelos de produção agrícola têm implicações diretas para aalimentação, a nutrição e a saúde humana. A agricultura “moderna” e o cultivo depoucas espécies agrícolas favoreceram a padronização dos hábitos alimentarese a desvalorização cultural das espécies nativas. A alimentação centrada noconsumo de plantas (frutas, legumes e verduras) foi substituída por dietasexcessivamente calóricas e ricas em gorduras, mas pobres em vitaminas, ferroe zinco. Os alimentos são feitos com um número cada vez menor de espéciese variedades de plantas, e os derivados de milho e soja, por exemplo, estãopresentes na maioria dos produtos alimentícios industrializados. Para que setenha uma ideia, estima-se que existam entre 250.000 e 420.000 espécies deplantas superiores, das quais apenas trinta corresponderiam a 95% da nutriçãohumana, e apenas sete delas (trigo, arroz, milho, batata, mandioca, batata-doce ecevada) responderiam por 75% desse total. Estimativas mais otimistas apontam,Hiléia - Revista do Direito Ambiental da Amazônia n 0 <strong>13</strong> |Jul - Dez| 2009 n 0 <strong>14</strong> |Jan - Jun| 2010 85livro hileia<strong>13</strong>,<strong>14</strong>.indd 85 12/4/2011 17:33:09

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