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As serpentes e o bastão: tecnociência, neoliberalismo e ... - CTeMe

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mercado como algo constantemente suportado pela regulação política. O governo age não<br />

tanto sobre o mercado, controlando-o, quanto para o mercado, estimulando, garantindo,<br />

catalisando sua marcha acelerada. A economia social de mercado não deve atenuar a injustiça<br />

social ou os impactos negativos da competição capitalista. Sua função é obstaculizar os<br />

mecanismos anticompetitivos (por exemplo, o monopólio) que podem surgir na sociedade.<br />

Para conseguir isso, é importante redefinir a lei para que a forma empreendedora passe a<br />

ser universal.<br />

O que os teóricos da Escola de Chicago fizeram foi levar estas concepções a suas<br />

conseqüências radicais.<br />

2.4.1 O <strong>neoliberalismo</strong> americano e o “tribunal econômico permanente”<br />

Na leitura que Foucault faz da Chicago’s School, o ponto chave do <strong>neoliberalismo</strong> “libertário”<br />

norte-americano encontra-se na expansão radical da forma econômica para dentro da esfera<br />

social, elidindo e eliminando a separação ou a diferença entre o econômico e o social. Os<br />

neoliberais norte-americanos atentam não para um governo liberal da sociedade, mas sim para<br />

uma redefinição da própria esfera social como uma forma do domínio econômico. A<br />

sociedade faz parte da economia porque, se o indivíduo calcula e age como um homo<br />

oeconomicus, o próprio governo torna-se uma espécie de empresa cuja função é universalizar<br />

a competição e inventar os melhores sistemas de ação econômica para os indivíduos, os<br />

grupos e as instituições.<br />

Com isto, se na governamentalidade liberal o governo deve respeitar a forma do<br />

mercado, agora não é tanto o Estado que garante a liberdade do mercado, mas o mercado que é<br />

visto como o próprio princípio organizador e regulador da base do Estado. O mercado chega a<br />

ser, nas palavras de Foucault, “uma espécie de tribunal econômico permanente”. (Foucault,<br />

NB, Aula de 31 de janeiro; Aula de 7 de fevereiro).<br />

Dois exemplos da nova racionalidade em ação são o conceito de capital humano,<br />

desenvolvido pela própria Escola de Chicago, e a nova visão de gestão da criminalidade.<br />

Na teoria do capital humano, o salário de um trabalhador já não é mais o preço pelo<br />

qual é comprada sua força de trabalho. Ao contrário, representa a renda vindo de um tipo<br />

específico de capital. Um capital com a característica especial de não poder ser separado de<br />

seu possessor, porque constituído justamente por suas habilidades, competências e<br />

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