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As serpentes e o bastão: tecnociência, neoliberalismo e ... - CTeMe

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1.4.2 Sobre os ombros de gigantes vivos<br />

53<br />

Se enxerguei um pouco mais longe, é por estar<br />

erguido sobre os ombros de gigantes.<br />

Isaac Newton 58<br />

O gosto pela scientometrics logo se espalhou. Price continuou seus censos, e outros se<br />

juntaram a ele. O historiador estimou que o número total de artigos em jornais científicos<br />

estivesse dobrando a cada 12 ou 15 anos, chegando na década de 1970 a cerca de um milhão<br />

Figura 11. Home page do Google Scholar: o mote dos<br />

gigantes para o motor (de busca) da <strong>tecnociência</strong><br />

contemporânea<br />

de papers publicados por ano 59 . <strong>As</strong> taxas de<br />

crescimento da ciência, do PIB mundial e da<br />

população humana (estas últimas também<br />

caracterizadas por crescimento exponencial),<br />

estavam aproximadamente na proporção de<br />

4:2:1, enquanto as pessoas empregadas em<br />

atividades de tipo científico tinham chegado à<br />

faixa de 0,5-1% de toda a população. O<br />

“número de descobertas importantes”, na<br />

estimativa de Price também estaria crescendo<br />

exponencialmente, dobrando a cada 20 anos 60 .<br />

Nos anos seguintes, os cálculos de Price de Solla foram controlados, estendidos a<br />

diferentes parâmetros e mais áreas científicas. E criticados por muitos 61 . Alguns encontraram<br />

falhas na conta: Price havia perdido algumas revistas e, por outro lado, incluído na conta<br />

também aquelas já extintas, não levando em consideração a taxa de mortalidade das<br />

58<br />

Carta para Robert Hooke, 1676. Mas “anões nos ombros de gigantes”, enxergando mais longe que estes, já se<br />

encontram séculos antes. Por exemplo, em Bernardo de Chartres (séc. XII): Pigmaei gigantum humeris impositi<br />

plusquam ipsi gigantes vident. Anões, gigantes, progresso e inovação se entrelaçam em alguns dos elementos chave do<br />

agenciamento tecnocientífico, como mostrarei no capítulo 3.<br />

59<br />

Estamos falando das estimativas do número total de revistas científicas de todos os países do mundo, independente<br />

de seu status de qualidade para a comunidade internacional. Se levarmos em consideração somente as revistas<br />

indexadas pelo Science Citation Index, Social Science Citation Index e Arts and Humanities Citation Index, o número é<br />

menor: cerca de oito mil e seiscentos jornais (mas, assim fazendo, por exemplo, grande parte dos jornais científicos<br />

brasileiros, inclusive indexados pela CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), também<br />

seriam excluídos da contagem).<br />

60<br />

De acordo com Schummer (1997), o número de substâncias químicas conhecidas também cresceu exponencialmente<br />

nos últimos duzentos anos.<br />

61<br />

Uma crítica inteligente se encontra em Gilbert & Woolgar (1974).

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