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As serpentes e o bastão: tecnociência, neoliberalismo e ... - CTeMe

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igorosa, e a comunicação deve ser orientada pelas necessidades dos públicos:<br />

Os programas de comunicação de C&T não deveriam ser direcionados pelas idéias da<br />

empresa de pesquisa sobre o que o público “deveria saber”, mas para responder às<br />

demandas e interesses do público [...] O envolvimento ativo dos cientistas é<br />

fundamental para o sucesso [...]. Os cientistas têm uma obrigação de interagir com<br />

os públicos [... É preciso] ver o tema do ponto de vista do público, não da instituição<br />

(National Institute of Standard and Technology, 2002, trad. e grifos meus) 301 .<br />

Eventos como estes representavam apenas o início de uma aceleração de fluxos discursivos<br />

ligados aos estratos “cibernético” e “empreendedor”, que iam se sobrepondo à camada<br />

iluminista e do novum.<br />

A partir do começo do século XXI, governos e instituições (especialmente na América<br />

e Europa do norte) eram levados a investir centenas de milhões de dólares em atividades de<br />

consulta pública, engajamento, participação em ciência e tecnologia. Em 2004, um panfleto<br />

publicado pelo instituto DEMOS no Reino Unido com título auto-explicativo (“See-through<br />

Science”, a ciência transparente), fornecia uma antologia da nova retórica. Dizia que estava se<br />

abrindo uma “nova fase nos debates sobre ciência e sociedade”. O engajamento público estava<br />

prestes a mover-se “upstream”, ou seja, de baixo para cima:<br />

Os cientistas precisam encontrar formas de escutar e de valorizar as mais diversas<br />

formas de conhecimento público e de inteligência social. Somente abrindo os<br />

processos de inovação num estágio inicial é que podemos garantir que a ciência<br />

contribua para o bem comum. Os debates sobre riscos são importantes. Mas o<br />

público quer também respostas para questões mais fundamentais em jogo em toda<br />

nova tecnologia: quem é o dono? Quem terá benefício disso? Para que objetivos<br />

estará direcionada? [...] É um argumento com profundas implicações para o futuro da<br />

ciência. O engajamento upstream pode moldar não somente a maneira com que os<br />

cientistas se relacionam com o público, mas também os próprios fundamentos sobre<br />

os quais repousa a empresa científica? (Wilsdon e Willis, 2004; grifos e tradução<br />

meus).<br />

No Brasil, engajamento talvez não seja a palavra de ordem mais na moda. Popularização e<br />

301 http://www.nist.gov/public_affairs/bestpractices/conf_summary.htm, Acesso em abril de 2008.<br />

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