10.06.2013 Views

As serpentes e o bastão: tecnociência, neoliberalismo e ... - CTeMe

As serpentes e o bastão: tecnociência, neoliberalismo e ... - CTeMe

As serpentes e o bastão: tecnociência, neoliberalismo e ... - CTeMe

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Faraday, que começa sua carreira científica como autodidata (trabalhando como encadernador<br />

de livros), decide tornar-se cientista após encontrar uma cópia do texto de Marcet.<br />

Enquanto isso, surgem os primeiros jornais diários: Daily Courant (1702), Daily Post<br />

(1719), Daily Journal (1720): em quase todos, a ciência tem um lugar relevante. Além de<br />

matérias sobre epidemias, novos remédios, invenções, os editores decidem às vezes publicar<br />

transcrições de conferências públicas de cientistas famosos, ou até encomendar ensaios de<br />

divulgação.<br />

No fim do século XVIII, em suma, a reformulação narrativa do conhecimento como<br />

luz, como direito universal e como instrumento na batalha contra a escuridão e a tirania se<br />

torna dominante no Velho e no Novo Mundo.<br />

Nos mesmos anos, o capitalismo começa a enxergar na comunicação uma atividade<br />

lucrativa e na informação uma mercadoria. O jornalismo e a divulgação se tornam negócios<br />

valorizados. A ciência, por sua vez, passa por<br />

uma transformação importante entrando naquela<br />

que John Ziman chamou de “ciência acadêmica”<br />

(veja Cap. 1): uma atividade profissional,<br />

institucionalizada, financiada pelos Estados. <strong>As</strong> figuras do filósofo natural e do “homem de<br />

ciência” entram na sombra, substituídas pela figura do cientista.<br />

3.12 “Scientist”<br />

Se, para os livros de história das idéias, a “ciência moderna” surge entre o século XVII e<br />

XVIII, o mesmo não se pode dizer do “cientista”. A palavra simplesmente não existe até<br />

meados do século XIX, período em que a atividade científica consegue sua legitimação nas<br />

universidades, sua visibilidade política e passa, na Europa inteira, as ser financiada com<br />

recursos públicos e organizada em laboratórios (Rossi, 2000: p. 311-312; Ziman, 1987: p. 167-<br />

168).<br />

Em 1799 surgira em Londres, graças aos esforços de Benjamin Thompson, conde de<br />

Rumford, a Royal Institution, o primeiro laboratório científico moderno da Inglaterra, operado<br />

por pesquisadores assalariados. Por volta de 1830, a jovem British <strong>As</strong>sociation for the<br />

Avdvancement of Science (BAAS) se dava conta de que, para indicar seus membros – homens<br />

200<br />

“Nature and Nature's Laws lay hid in Night:<br />

God said, Let Newton be! and all was Light”.<br />

Alexander Pope, epitáfio para Newton, 1727

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!